terça-feira, 17 de maio de 2011

No restaurante de fast-food:

A empregada- Quer molho na sandes?
Eu- Quero. Picante.
A empregada- Picante?
Eu- Sim.
A empregada, depois de algumas hesitações- Bem, eu pus. Mas não se preocupe, não é muito forte.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Não é uma história. Mas tem a ver. E achei bonito.



segunda-feira, 9 de maio de 2011

Há dias em que estamos com pachorra, há dias em que não. E naquele dia eu não estava. Por isso, quando aquele homem me tentou passar à frente na fila do supermercado disse-lhe: "O senhor vai voltar para o seu lugar atrás de mim está bem?", e devo tê-lo dito com tão boa cara que ele foi, sem responder. Mas uns segundos depois, possivelmente quando lhe passou o primeiro impacto, desatou a falar sozinho olhando para toda a gente que estava à sua volta à procura de aprovação: - "É por isto que este país não vai para a frente!", "As pessoas não têm educação nem respeitam os outros!", "É impressionante meu Deus!", e outras frases engraçadas.
É claro que ninguém lhe passou cartão nenhum, incluindo eu.

sábado, 7 de maio de 2011

Estava a ter uma formação nas instalações duma faculdade de letras. Quando o quadro branco foi iluminado pelo projector, pôde ler-se distintamente por baixo pedaços de uma aula já apagados. Um deles constava de qualquer coisa como: "sentaste diferente de sentas-te", e noutro "poder diferente de puder". Assustei-me um bocado.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

- Amanhã é sexta-feira! - disse-me ela muito sorridente.
- Pois... - respondi.
- Estou tão feliz! - insistiu ela.
- Preguiçosa! - pensei eu sem dizer nada.
Mas depois ela explicou. Como tinha acabado de trespassar o restaurante, era a primeira vez na sua vida adulta que ia ter um Domingo livre...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Foi na semana antes do dia da mãe, na escola primária. A professora mandou os meninos fazer um postalinho para oferecer no Domingo seguinte à progenitora. Mas de entre todos, havia um que ainda não tinha tido o condão de descodificar o segredo das letras e das sílabas. Como se sabe elas demoram mais a descobrir-se para umas pessoas do que para outras. Por isso, angustiado, pediu ao coleguinha de carteira que escrevesse o seu. Ele anuiu. No fim, todos em fila, foram submeter a obra à aprovação da professora.
- Oh Joãozinho - perguntou ela - foste tu que fizeste o teu postal?
- Fui professora! - respondeu ele a tentar demonstrar um orgulho que não sentia.
- De certeza?
- Fui eu sozinho!

É que no postal do Joãozinho, por cima da casinha sorridente que ele (aí sim) tinha desenhado, estava escrito: "Mãe, és uma vaca. Odeio-te. Vai morrer longe."

As crianças são cruéis.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Estar de castigo por causa duma negativa a matemática.
Não ter escola.
Os adultos excitadíssimos.
Muito rádio.
Programas estranhos na televisão.
Palavras novas que não conhecíamos: Revolução, manifestação, democracia, fascismo...
Gente na rua.
Proibição de ir para a rua. Era perigoso.
E finalmente, perceber que tínhamos uma segunda oportunidade.
É disto que eu me lembro do 25 de Abril de 1974.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Quando eu era chavala perguntava muitas vezes a mim mesma qual era a diferença entre o concurso de Miss Mundo e de Miss Universo. Porque é assim: A Miss Mundo é a gaja mais gira do mundo inteiro. Percebido. Já a Miss Universo devia ser a gaja mais gira do Universo, incluindo outros planetas e até outras galáxias. Então porque é que eu nunca lá vi uma tipa verde de Marte com umas antenas e um olho no meio da testa? Já sei! Porque essas são tão feias que nunca passam nas eliminatórias.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Conversava-se sobre a crise, a Srª Merkel e o FMI. Conversa de circunstância entre recém-conhecidos. A certo ponto, um dos convivas declarou com ar convicto:
- Os alemães é que são pessoas em condições! Inteligentes! Já quando construíram os fornos eles tinham razão e ninguém reconheceu!
- Fornos??? - pensaram todos durante dois segundos - Que fornos?! Das fábricas? Das padarias onde eles fazem os pretzel? O que é que o homem está a dizer que não faz sentido nenhum?
Mas logo a seguir fez-se luz na cabeça de todos sobre o significado daquela frase, e era vê-los de olhos no chão, a dar pontapés em pedrinhas, a fingir uma descontração que ninguém sentia e a querer dizer:
- Não tenho nada a ver com esta conversa!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

- Vinha pedir uma certidão igual a esta mas para o prédio ao lado - e entregou-me um original duma certidão nossa, toda dobrada.
Desdobrei-a para ver o que era e, no verso, alguém tnha escrito à mão:
- Onze taças e três bagaços - mesa 6.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Peguei no tiquet que ele me entregou e ia amarrotá-lo e deitá-lo para o lixo quando ele me gritou em pânico:
- Não faça isso! Ainda não tenho esse!
Parei, porque mesmo sem saber o que se estava a passar pareceu-me ser qualquer coisa de grave, dado a ar aflito do senhor. Olhei para ele com ar de ponto de interrogação. Ele, calmamente, abriu um caderno onde tinha dezenas de tiquets de repartições públicas colados por ordem numérica.
- Ainda não tinha o 5! - explicou-me - Tive que vir cedo! E ainda me faltam todos os números baixos!
Eu, se não tivesse visto não acreditava, apesar de já ter visto muita coisa. De qualquer forma ficou explicado por que razão aquele homem aparece tantas vezes a fazer perguntas sem qualquer interesse ou a pedir cópias de documentos que já pediu tantas vezes.
Antes de sair, ainda tirou mais dois tiquets que vieram a engrossar o nosso número de desistentes.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Isto aconteceu hoje num supermercado pequeno a uma hora morta. Só havia uma caixa aberta e duas pessoas, uma das quais era eu, dirigiam-se para ela pachorrentamente com pouco mais do que um iogurte na mão. De repente, vinda não se sabe de onde, uma mulherzinha de cabelo apanhado a grandes argolas de pechisbeque, correu para ultrapassar ambos e meteu-se na caixa, em frente à empregada, sem nada nas mãos para pagar. A seguir virou-se para trás e fazia sinais de chamamento com a mão enquanto gritava: - "Anda! Anda!" - Os dois camelos, uma das quais era eu, olhavam para aquilo a pensar o que tinham feito na vida para merecer tal coisa. Mas não por muito tempo. Três segundos depois apareceu outra mulherzinha, também de cabelo apanhado e grandes argolas de pechisbeque, com os braços carregados de tralha para pagar que despejou na caixa. Orgulhosíssimas do seu feito, ambas continuaram como se nada fosse, pagaram as compras e foram embora.
E eu a pensar: _ "Bem, esta gente vota e vai decidir os destinos do país no próximo Junho..."