O filho único de catorze anos da minha amiga arranjou a sua primeira namorada. A mãe descobriu, como sempre descobrem tudo as chatas das mães. E interrogou-o. Queria saber quem era, como era, qual o nome, que idade tinha. O miúdo, como sempre fazem todos os miúdos, fechou-se em copas e da boca dele não saiu um som. Mas a minha amiga não é das que desistem. O seu instinto maternal à mistura com o cabrão do sexto sentido que dizem que as mulheres têm, levou-a a concluir que se tratava duma colega da equipa feminina de andebol e não perdeu um minuto, tratou de ir assistir ao treino. Já no pavilhão, sentada na bancada a tentar esquadrinhar todas as raparigas que via, na tentativa de descobrir de quem se tratava, foi vista pelo filho que, nervoso, se apressou a ir ter com ela para a convencer a ir para casa:
- Mãe! O que fazes aqui???
- Vim conhecer a tua namorada! Qual é? Qual é?
E o rapaz, completamente à toa, aproximou-se e em surdina, suplicou:
- Está calada! A mãe dela está mesmo atrás de ti!
Sempre discreta, a minha amiga virou-se para trás e deu de caras com uma altiva mulher negra de turbante cor-de-laranja à volta da cabeça. Completamente surpresa, olhou o filho e exclamou sem preocupação nenhuma:
- A tua namorada é preta???
E pronto. Assim ficou o rapaz com uma história que há-de um dia contar aos netos ao serão, no meio de grande risota.