quarta-feira, 13 de abril de 2011

Peguei no tiquet que ele me entregou e ia amarrotá-lo e deitá-lo para o lixo quando ele me gritou em pânico:
- Não faça isso! Ainda não tenho esse!
Parei, porque mesmo sem saber o que se estava a passar pareceu-me ser qualquer coisa de grave, dado a ar aflito do senhor. Olhei para ele com ar de ponto de interrogação. Ele, calmamente, abriu um caderno onde tinha dezenas de tiquets de repartições públicas colados por ordem numérica.
- Ainda não tinha o 5! - explicou-me - Tive que vir cedo! E ainda me faltam todos os números baixos!
Eu, se não tivesse visto não acreditava, apesar de já ter visto muita coisa. De qualquer forma ficou explicado por que razão aquele homem aparece tantas vezes a fazer perguntas sem qualquer interesse ou a pedir cópias de documentos que já pediu tantas vezes.
Antes de sair, ainda tirou mais dois tiquets que vieram a engrossar o nosso número de desistentes.

2 comentários:

Vítor Fernandes disse...

Quando eu era chavalo sentava-me na mesa de um café na Av. Almirante Reis a apontar os números do autocarros da Carris. O 832 era o mais custoso mas, como deve ser óbvio, tinha muitos repetidos.

PS. Uma criancinha ainda; Só tinha 18 anitos.

Castanha Pilada disse...

:)))