segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quando as fundações do grande edifício começaram a nascer numa zona pacata da pacata cidade, toda a gente se interrogava sobre o que viria a ser aquilo. Logo logo, porém, se soube a verdade, porque já naquele tempo a coscuvilhice era um desporto tão praticado como agora: Era um super-mercado.
- O que é um super-mercado? - perguntava eu então sem que ninguém fosse capaz de me esclarecer convenientemente.
- É uma mercearia - explicou-me alguém que foi quem conseguiu ficar mais perto do conceito - mas tão grande, tão grande, que as pessoas perdem-se lá dentro!
Fiquei para ali a fazer exercícios mentais, mas não era nada fácil. Imaginava a mercearia da Ti Celeste com umas cem vezes o seu tamanho real. Tão grande que quem estivesse junto do balcão de madeira escura lustrosa, se olhasse para trás no sentido da porta veria um corredor imenso de pipas de vinho e, muito pequenina, a porta onde pendiam coloridas as fitas de plástico que impediam a entrada das moscas. Mesmo assim, custava-me acreditar que alguém se pudesse perder lá dentro.

3 comentários:

Mariquinhas disse...

Ainda ontem, quando fui ao Modelo, a grande superfície cá do burgo, fiquei tão cansada por procurar o que precisava - volta e meia mudam os lugares das coisas e cada vez têm menos empregados para nos informarem - que me veio à ideia o tempo que ia com o meu pai às compras e como era muito mais fácil a "nossa" mercearia, onde gastávamos, vendia de tudo - o meu pai deixava a lista das compras, entretanto podíamos dar uma volta e quando chegássemos estava tudo embalado e, às vezes, levavam a casa - outros tempos - por um momento, ontem, tive saudades...;))

Anónimo disse...

Eu lembro do ARthur, quando fazia birra, se jogava ao chão. Eu, como boa mãe, dava as costas e deixava o moleque fazer a birra sozinho. Quando ele se via "sozinho" naquela imensidão e eu cinco corredores à frente, ele saia correndo bravo. - Você se perdeu de mim! - chorava ele, me abraçando e acabando com a sessão de birra.

cereja disse...

Estive uns dias sem passar por cá a agora já me perco como no supermercado... Andei à procura de um post antigo teu e não o encontrei.

Mas a verdade é que a gente habitua-se a tudo. E, felizmente, vamos aderindo a uns que vão aparecendo mais ao nosso gosto e a deixar os monstros para trás...