Há alturas em que nos estão a contar uma história e, depois dela acabar, nós ainda ficamos à espera do resto. Isso acontece porque na nossa cabeça a história não faz o mesmo sentido que faz na cabeça de quem conta. Era uma coisa que me acontecia frequentemente com a minha ex-sogra, senhora cujo habitat era (e é) um micro-cosmos onde os costumes são os de há muitos séculos.
- O Tio A****** casou com a Tia F******* - contava-me ela um dia - apesar do seu passado. Ela trabalhava num quiosque.
Eu fiquei calada com a mesma atenção com que estava no início, à espera de me ser revelada qualquer coisa fantástica como a Tia F******* gerir, a partir do quiosque, uma extensa rede de prostituição e tráfico humano. Mas afinal não. Era só mesmo aquilo.
Noutra ocasião ela contava-me que a Tia M**** foi afastada da família durante muitos anos porque se tinha enamorado dum advogado famoso na terra, com quem manteve uma relação. E lá fiquei eu mais uma vez com ar de parva à espera que me dissessem que esse advogado vivia uma vida dupla, tinha uma família completa com muitos filhinhos noutra cidade ou então que era suspeito de ser um perigoso serial-killer. Mais uma vez estava enganada. A história já tinha terminado e, naquele clã, fazia todo o sentido repudiar um dos seus por manter uma relação sem casar.
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
5 comentários:
Histórias a que eu chamo, do arco da velha!!
Beijos.
Quase como as histórias que eu conto, às vezes sem pé, outras sem cabeça, outras sem os dois. Só para matar os outros de curiosidade. :))
bjs
Agora conta histórias da ex do filho.
Paula, da velha eram pelo menos!
Senhora, tal e qual!
Kuka, até aposto.
Vai se lá saber porquê, mas, essa tua história fez-me lembrar a canção "Anel de Rubi" - quando O Rui Veloso canta -
"(...)ai o que eu passei só por te amar
a saliva que eu gastei para te mudar
mas ese teu mundo era mais forte do que eu e nem com a força da música ele se moveu(...)"
Digo eu -sempre é melhor quando falamos a mesma "linguagem" :))
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