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Nasci em plena guerra colonial. O meu pai era soldado, andava na guerra e defendia uma coisa que eu sempre soube que ele não queria defender e que para ele nem fazia sentido. Desde a mais tenra idade. A minha mãe, jovem, muito jovem, jovem demais para ser verdade, deixou a vida tranquila do continente para o seguir na insegurança do desconhecido. Sei que a minha mãe vivia na cidade enquanto que o meu pai (sobre)vivia nas trincheiras. Nunca se viam, ou quase nunca. Mas pelo menos, a distância era menor. Dois anos depois nasci eu e ficou decidido que aquela terra não era futuro para mim. A minha mãe voltou para Portugal comigo, onde permaneceu, quase sempre sozinha. Aprendi na escola que a guerra colonial era a expressão máxima do patriotismo, da defesa dos valores e da pátria. Acreditei, com reservas apenas no meu subconsciente. Os meus pais permaneceram separados até 1974, aquela data mágica de que a minha geração ainda se lembra… na carne. Não tenho qualquer vontade de voltar a África…
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
11 comentários:
Conheço algumas histórias como a sua...
Há tantas...
Claro que assim se entende.
Eu tive uma experiência muito diferente (sou uns aninhos mais velha...) e vivi a minha adolescência no que se chamava Lourenço Marques. Foi muito bom. Não havia guerra nenhuma e tenho recordações excelentes. Gostaria muito de lá voltar...
(Sabem que o Sr. Lourenço Marques era simplesmente um comerciante que teve um negócio naquela zona? e a malta de lá detestava que lhe chamassem «laurentinos» como devia ser e queriam ser chamados por «lourençomarquinos»?!)
Eu tenho vontade de visitar Moçambique um dia. De conhecer a terra onde a minha mãe nasceu, de visitar o lugar para onde o meu pai emigrou ainda imberbe. E não deve tardar muito.
Post dedicado à Ti!!!
http://nososcachorros.blogspot.com/2009/02/japones-nascendo.html
Espero que goste
Eu não tenho vontade de voltar a Angola mas por motivos diversos do teu; eu não quero voltar a Angola para a ver assim estragada como está.
África é inesquecível, vivi 2 anos em Lourenço Marques (não tenho culpa de ter sido contabilista militar) e realmente de guerra nem se falava nisso, gostaria de lá voltar.
Eu disse que nunca tinha lido uma única história sua de África, razão porque não acreditava que tivesse nascido lá, esqueci-me de ponderar que a razão principal foi ter vindo para cá muito pequena
Emiele, não. Realmente não sabia quem era o Sr. Lourenço Marques :)
Taralhoca, talvez um dia os meus filhos tenham essa vontade. Eu não.
Uau Nós os Cachorros! Já lá vou ver! :)))
Gi, é que eu nunca cheguei a ver Angola de facto. Só a conhecer-lhe as desvantagens.
Pois Luís, tinha um mesito :)...
É bestial esta forma de indicares as verdades e as mentiras do desafio.
Parabéns
:)))
intiresno muito, obrigado
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