Entre mim e a mulher cigana à minha frente acabou por se desenvolver um diálogo bastante amigável e até mesmo um bocadinho cúmplice. Era uma mulher madura de cabelos negros apanhados no alto da cabeça e olhos muito vivos. Começou por me explicar que odiava o seu nome, que era de família há várias gerações mas chamava a atenção em todo o lado. Rimo-nos as duas com isso. O nome dela era, de facto, muito estranho. Depois, falou-me da família. Dos vários filhos e da neta. Mostrou-me uma fotografia duma miúda morena de olhar brilhante, como a avó.
- É muito bonita - comentei - que idade tem?
- Faz doze para a semana - respondeu cheia de orgulho.
Depois eu estive quase, quase a fazer outra pergunta. Que seria perfeitamente normal noutro contexto qualquer mas que naquele, me assustou.Passaram-me pela cabeça fantasmas e preconceitos vários, tive medo e não perguntei. Era:
- Em que ano anda?
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
7 comentários:
Eu também teria receio da pergunta. O facto de irem à escola já começa a «não ser mau». Agora que completem a escolaridade é pedir muito. e quebrava a vossa 'cumplicidade'.
Devagarinho, devagarinho... talvez a filha dessa menina já se consiga situar num ambiente escolar.
É... não é exclusividade daí. Outro dia, conversando com um menino, desconhecido daqui da rua, que estava o dia inteiro empinando pipas, soube que não gostava de escola e sempre fugia. Naquele momento os pais estavam trabalhando e ele, que deveria estar na escola, estava pelas ruas... feliz da vida... por enquanto.
Emiele, é que me passou mesmo uma coisa pela vista naquele momento.
Senhora, pois, mas os ciganos escudam-se na p... da tradição e é um bico de obra fazê-los ir à escola.
Mas tem execpções...
Veja-se Joaquim Cortés, Quique Flores, Quaresma...
O Quaresma fez a quarta?!
ainda bem que não perguntaste!!
saltapocinhas
Lol!
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