quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Este tique também ataca os homens, embora com contornos e resultados diferentes. Nas mulheres, é basicamente o mal de que sofria a I*****. Pura e simplesmente, vivia convencida de que era a mulher mais bonita e com o corpo mais perfeito do mundo. A reboque dessa certeza vinham outras: Que todas as mulheres a invejavam, que nenhum homem lhe resistia e que o marido tinha tanta, mas tanta sorte por poder partilhar o espaço com ela a menos de 10cm que devia agradecer todos os dias da sua vida.
A I***** não era um trambolho, de facto. Tinha uns olhos bonitos, era baixinha, nem gorda nem magra, as pernas não se recomendavam por aí além para as saias acima do joelho e se as proeminências peitorais andassem alguns centímetros mais acima também não se perdia nada. Nestes pormenores, claro, só se reparava com atenção devido ao comportamento dela. Se não fosse tão convencida, seria aos olhos de todos uma mulher normal, desejável q.b. nas circunstâncias certas. Como, aliás, quase todas nós.
Um dia, a I***** comprou uma roupa nova, duma estilista famosa. Uma daquelas farpelas que são giras na passerelle, talvez também numa cerimónia exótica a revestir uma molhada de ossos de manequim, mas totalmente imprória (e até ridícula) para levar para o trabalho, que foi o que ela fez.
Quando chegou, de manhã, tudo paralisou. Os olhos viraram-se para ela e sustiveram-se respirações, em estado de choque. Alguém teve a coragem de perguntar:
- Oh I*****! Que diabo de roupa é essa???!!!
- Ora! - respondeu ela - é uma roupa que vocês não podem usar porque não têm um corpinho como o meu!
Aí, as pessoas até então caladas não se aguentaram, e o escritório inteiro rebentou numa gargalhada geral. O que, aos olhos dela, foi visto como mais uma manifestação de inveja.

10 comentários:

Monday disse...

esse povo que se convence daquilo que nunca foi de verdade parece viver eternamente regado a ópio, não?

Taralhoca disse...

Ou 8 ou 80. Há os que se julgam ricas prendas e há os que nunca se veêm bem. Cheira-me que não é problema dos espelhos.

Anónimo disse...

E eu, como toda mulher que deve ter lido isso, estou morta de curiosidade: que raio de roupa foi essa??!!
:)))

(ai, o medo de passar ridículo... :))

Nós, Os Cachorros disse...

Algum dia irei tirar fotos de algumas mulheres por aqui e postar em meu blog...
Verás o que é ridículo e que chega a doer a vista... rs
Infelizmente existe gosto para tudo e existem pessoas que "se acham"...
Fazer o que não é mesmo?!

Anónimo disse...

Bem aventuradas as pobres de espírito, que delas é o reino dos céus.

cereja disse...

Mas deve ser tão bom!
Se essa auto-confiança se vendesse nas farmácias, penso que devia tomar uma colherinha de café desse produto de vez em quando...
Conheço uma - 'prima' dessa tua de «corpinho como o dela» - que também se gaba de ter umas lindas pernas. A mim parecem-me normalíssimas, mas toda se ri porque quando entra num táxi acha que quem passa fica parado a olhar a vê-la rodar as pernas lá para dentro... Fica feliz!
E estou como a senhora: como era o vestido?

Castanha Pilada disse...

Monday, as peneiras são o ópio do povo! :)))

Também me cheira ao mesmo Taralhoca.

Senhora e Emiele, era assim: Estão a ver umas calças, super justinhas até aos joelhos e, daí para baixo parecerem duas saias de sevilhanas? Acompanhadas dum bolerozinho a três quartos, tudo em cinzentinho, com uns sapatos bicudos a roçar a caricatura do sapato bicudo? Era isso.

Nós os Cachorros, hás-de vir cá dar umas voltinhas pelos shoppings ao domingo e vais ver!

Lol Carlos, já não quero ir para o céu que ainda me encontro com elas!

Anónimo disse...

Ui!!!! :))))

mfc disse...

Há gente que parece não ter espelhos em casa!

Castanha Pilada disse...

Pois há.