segunda-feira, 16 de março de 2009

#1
Sou da geração das Anas. Só no ciclo preparatório havia uma turma e meia, mais coisa menos coisa, só de Anas. O conduto é que variava, mas não por aí além. Havia Anabelas (tudo junto ou em duas partes), Anas Paulas a Anas Cristinas, basicamente. As Vanessas e Tatianas vieram mais tarde. Eu, aparecia na segunda turma, a seguir à primeira metade, com um nome que indicava que eu bem podia ter nascido um século antes. Para a minha percepção na altura, podia até ter nascido logo a seguir aos dinossauros! Aquando das primeiras apresentações, no início do ano lectivo, quando os colegas me perguntavam: - “E tu, como te chamas?” – E depois comentavam – “Ah! É um nome de família?”, eu sentia-me tão infeliz como quando me aparecia uma borbulha no meio da testa de um dia para o outro, e tentava esboçar uma explicação qualquer para aquela tragédia, que nunca me saía convincente.
Como em todas as gerações de adolescentes desde que a humanidade é humanidade, ser diferente do grupo, seja no nome ou seja na marca de roupa, no formato do nariz ou no vocabulário que se usa, é suficiente para desenvolver uma depressão.
Muito mais tarde descobri que o meu nome tem origem grega e nasceu nos mitos do Olimpo, cujos habitantes são maiores que os mortais. Reconciliei-me com ele. Não por ter sabido que era grego, mas porque cheguei à idade em que nos reconciliamos com tudo, até as borbulhas.

17 comentários:

Anónimo disse...

Você foi má...
Só falta fazer um desafio para se descobrir qual o seu nome, além de Ana. ;)

Escrevendo na Pele disse...

Às vezes me bate uma depressão danada, sabe? Acho que tem mais Márcias no mundo do que gente. E olha que sou de origem marciana, que vem faz as guerras (mas acho que tenho um pouco da Minerva em mim, ela lutava pelo justo) e pra completar sou de balança... tudo a ver, né? isso me anima... rsrs

Castanha Pilada disse...

Senhora, até que não era uma ideia desengraçada! :)

Lol Escrevendo na Pele, nós arranjamos sempre maneira de fazer as pazes com o nosso nome.

cereja disse...

:)))
De facto houve mesmo uma geração de Anas! Eu pertenço à geração das Marias... Deixei «cair» o Maria muito cedo, só os meus pais me chamavam o nome todo, e hoje só alguém da família o diz. E mesmo esses costumo perguntar «estás a ralhar comigo? é que dizer Maria ***** é o que os pais diziam quando queriam ralhar...»
E tem piada que na minha família havia um nome masculino para os filhos mais velhos (por acaso até bonito) e um feminino para as filhas mais velhas - horroroso - que acabou quando a minha tia avó teve uma filha que não deixou descendentes. Uff...
...........
Já agora, acabei de distribuir os selos. Vamos ver quem os aceita, ou se a cadeia fica por ali...

kuka disse...

Primeiro foram as fotonovelas, e mais tarde, as telenovelas, que vieram brasileirar os nomes. A seguir à revolução dos cravos, fomos invadidos por nomes Arrussados. Agora estamos a voltar ao antigamente, com: Bernardos, Catarinas, Leonores e Leonardos aos pontapés.
Os teus pais, parece, que não foram de modas e deram-te um nome que além de invulgar é muito bonito.

Taralhoca disse...

Eu era para ser uma Margarida. Não fui por culpa da mula do vizinho, também Margarida de seu nome. A minha avó não admitiu que tivesse nome de mula. Arranjaram-me outro que nunca foi dos meus amores, mas de que não desgostava.
Pior, pior é o segundo nome. Não é que Isabel seja feio, mas no alinhamento do 1º é pavoroso.
Felizmente não chega a tanto como Marcela Teresa...

kuka disse...

Tive um prof de matemática que se chamava "Oscar Alhinho". Não sei se estão a ver o filme? Era só pagode.

Gi disse...

Deixa estar, também não há muitas com o meu 1º nome, que detesto!

Castanha Pilada disse...

Sim Emiele, às vezes há nomes de família que assustam um morto!

Obrigada Kuka! :) Esse professor é muito conhecido, já andou por todo o país. Mas acho que era o pai, o Alho.


Taralhoca, nome de mula é mau de facto. Mas a culpa era de quem pôs nome de flor à mula não?

Gi, eu já não odeio o meu, até o acho porreiro!

cereja disse...

Já agora que se falou da mula Margarida, há muito tempo contaram-me (hoje penso que era mesmo piada mas na altura acreditei) de um menino que veio da escola a dizer á mãe que tinha uma colega com nome de bolacha.

Como já adivinharam a menina chamava-se Maria.

Luís Maia disse...

Porque será que são sobretudo as mulheres a detestarem alguns nomes que lhe pôe ?

Tenho cá por casa uma Etelvina que alguns amigos nem sonham que ela se chama assim, felizmente têm outro Olga, que dá para atenuar a desgraça.

Os homens não ligam tanto a isso, mas eu Luís Filipe de minha graça, penso que não encararia com muito agrado um certo nome de Sebastião que estive quase a levar.

Porque não fazes um concurso a ver quem adivinha o teu nome grego ?

A GI não precisa, aposto que o Gertrudes ninguém falhava

Castanha Pilada disse...

Lol Emiele, essa foi demais!

Luís, não era mal pensado. Mas para a Gi eu por acaso apostava mais em Gervásia. Não sei porquê.

Luís Maia disse...

Fica então a dúvida ou é

Gertrudes Isabel ou Gervásia Inês

Anónimo disse...

Ora os meus pais resolveram ser originais e deram-me um nome que pouco se ouvia na altura e que originou na minha infância e pré-adolescência algumas piadinhas e alcunhas estúpidas. Também fiz as pazes com o meu nome e hoje digo-o com orgulho na voz. Gosto muito dele e em geral existe uma empatia especial com quem também o ostenta. Acho que não seria eu se me chamasse outra coisa. Por isso o meu segundo nome me soa tão estranho e só permitia que uma pessoa me chamasse daquela forma.

Castanha Pilada disse...

O nome é mesmo uma coisa com que a gente se reconcilia :)

Nós, Os Cachorros disse...

Se te consolas em algo, ainda odeio meu nome... rs
Ainda mais que é o mesmo que meu pai... rs

Castanha Pilada disse...

Isso deve ser porque nunca tiveste borbulhas! :)))