quinta-feira, 19 de março de 2009

#4
As mulheres da minha infância eram santas que transformavam pão em rosas no seu regaço por temor ao marido, santas famintas a que a mãe de Deus aparecia em cima duma azinheira com mensagens de resignação, santas que mandavam construir hospitais para os pobres e conventos para os frades porque eram rainhas, santas que morriam por amor, santas, santas, santas.
Embora possa parecer pouco credível a quem tenha nascido uns anos depois, a verdade é que quando eu me apercebi que as mulheres podiam ser outras coisas sem ser santas já sabia ler e escrever seguidinho. Apercebi-me com personagens de ficção como a Pippi das Meias Altas e a Barbarella, que para mim eram tão reais como eu, e depois com celebridades, como a Suzy Quatro e outras de que já nem lembro o nome.
Apaixonei-me por essas mulheres, mas não no sentido sexual do termo. Apaixonei-me por aquilo que elas eram e que eu queria ser um dia. Enchi as paredes do meu quarto de pré-adolescente com imagens dessas mulheres e regozijei-me por saber que não era obrigatório ser santa nem passar o dia a limpar e arrumar coisas como as que eu conhecia.
Não me recordo de ter tido um único ídolo do sexo masculino naquela idade parva em que se tem ídolos.

7 comentários:

Luís Maia disse...

Estamos pagos eu também nunca tive nenhuma IDOLA, embora tivesse tido uma paixoneta pela Sissy aí com 13 anos, que abriu as portas para a Françoise Hardy, foram as primeiras a sugerir que afinal as miúdas não eram de todo uma parvas que nem sabiam jogar à bola.

Até tinham mais graça que o Manel

Monday disse...

Olá, moça, passando para agradecer o convite aos seis fatos aleatórios ...

eu fiz uma mescla deste com outro, num dos memes lá do blog ...

mas mesmo assim, agradeço a simpatia do convite ...

semana que vem, quando tiver mais tempo disponível, voltarei às leituras de sempre, incluindo tu, é claro!

cereja disse...

Beeem....
Entende-se, mas entre as Santas todas não havia lugar para um «cavaleiro andante» ou coisa do tipo? Não havia mesmo «príncipes»?
Cá ma minha vida a «paridade» começou muito cedo!
Eu ainda sou do tempo em que se escrevia a pedir fotografias autografadas aos ídolos e durante muitos anos guardei várias - delas e deles.(sou uma burra em ter deitado fóra que hoje se calhar valia dinheiro!) E como a família não era nada dada a religiões, eu não admirava especialmente nenhuma santinha.
Mas compreende-se a tua escolha/admiração.

Taralhoca disse...

Antes idólatra que resignada. E se for idólatra de mulheres melhor. Os homens não servem para adorar, prestam-se muito melhor a outras coisas... ;)

Castanha Pilada disse...

Luís, eu pela Sissi tive quase um avc, mas isso foi na idade das princesas! :)))

Volta Monday, estás perdoado!

Emiele, em príncipes nunca acreditei muito. Fui sempre muito pragmática com o pessoal que m... de pé.

Taralhoca, está bem observado, mas devias desenvolver melhor esse tema.

Nós, Os Cachorros disse...

Não és porque tens idolos mulheres que és lésbica!!! rs
Concordo plenamente contigo sobre as mulheres!!!
Desde pequeno vi nas mulheres de minha família guerreiras inegualáveis!!!
Muito mais fortes que os homens!!!
Além de amar, tenho muita admiração e respeito por muitas mulheres que conheço!!!
Vocês é que são as verdadeiras guerreiras!!!

Castanha Pilada disse...

Haverá umas que sim, outras que não. :)))