domingo, 22 de março de 2009

Contam as pessoas mais velhas da minha cidade este episódio:
"Que uma mulher casada e adúltera costumava ir para os campos com o amante, de carro. Mais tarde regressavam de carro, com ela sempre no porta-bagagens, pois naquele tempo uma mulher casada não podia ser vista sozinha na companhia de outro homem que não fosse o marido. Contam também que um dia ele se esqueceu. Chegou e foi beber uns copos com os amigos. Quando ela começou a sentir falta de ar dentro do porta-bagagens, começou a bater e a gritar para que alguém abrisse. Logo se juntou um grupo de curiosos que chamou a polícia. Quando a mala do carro foi aberta ela foi descoberta e, bem feita, exonerada da família e da sociedade bem do burgo."
Esta história eu sempre ouvi contar às pessoas mais velhas da cidade com um sorriso malicioso nos lábios, ou então, pior, rindo-se a bandeiras despregadas como se de uma anedota se tratasse. Eu, que sou uma incorrigível romântica que chora no cinema, embora nem sempre pareça, nunca me consegui rir. Ouvia a história com parcimónia e, no meu íntimo, endeusava aquela mulher. Num tempo em que a pequenez da terra e das cabeças das pessoas tornavam tão arriscado ter aventuras, se eles o faziam é porque tinham uma verdadeira paixão. Daquelas paixões arrebatadoras que tudo desconhece a não ser a si própria. Para mim, eles eram Pedro e Inês, Tristão e Isolda, Romeu e Julieta...
Tão bonito e tão dramático!

13 comentários:

Anónimo disse...

É... acho que somos duas incorrigíveis...

Miepeee disse...

Historias de amor sao sempre bonitas mesmo que terminem na mala de um carro.

Castanha Pilada disse...

Senhora, isto pega-se, vais ficar pior!

Miepeee, geralmente terminam no banco de trás, estes foram um pouco mais longe.

Kruzes Kanhoto disse...

Ahhhhhhhh...mas lá que tem piada isso tem...acho eu.

kuka disse...

Eram outros tempos. Hoje, uma senhora casada, pode ser vista com outro homem,-que não seja o marido- que ninguem censura.

Taralhoca disse...

Ela pode bem ser a reencarnação de Julieta, mas não me parece que o Romeu fosse homem para se olvidar da Julieta por culpa do tinto.

cereja disse...

Bem a Taralhoca tem razão, Castanha... Estava tudo bem até a esse pormenor o 'esquecimento' do Romeu.
Que raio, homem, essa estragou tudo!
..............
Mas é impressionante a mudança de costumes. O que não quer dizer que ainda hoje, muitos homens, mesmo já separados, se imaginam que a ex-mulher pode deitar as vistas para outro não se ponham para aí à pancadaria ou à facada, com os resultados que sabemos. O «sentimento de posse» é ainda muito forte.

Miepeee disse...

Menina Castanha tem um selo a sua espera na minha casa.
Beijinho.

Castanha Pilada disse...

Kruzes! Insensível! :)))

Pois não Kuka, desde que não seja no banco de trás do carro só a ver-se as pernitas.

Taralhoca, os romaus sempre deixaram muito a desejar. D. Pedro não papava tudo quanto era senhora da corte? E no fim quem se lixou?

Emiele, isso cura-se... e não me estico mais.

Miepeee, já lá vou buscar! Faço colecção! :)))

Luís Maia disse...

e eu a pensar que te ias atirar ao gajo, que depois duma eventual tarde bem passada nos campos, se esqueceu dela na mala do carro ao pé do macaco e do pneu sobresselente

Nós, Os Cachorros disse...

concordo plenamente contigo!!!

Gi disse...

Ele era um Romeu muito esquecido, convenhamos. ;)

Castanha Pilada disse...

Luís, isto comigo tem dias, tem dias...

Nós os Cachorros também é um romântico! Quem diria! :)))

Gi, e um cabrãozito provavelmente. Ela sim, era uma heroína de romance!