sábado, 19 de setembro de 2009

Se toda a gente fumava, então eu tinha que fumar também. Não podia correr o risco de ser considerada uma choquinha, ou uma menina da mamã. Pelo estilo, tudo!
Foi, então, com grande determinação, que eu acendi o meu quase primeiro cigarro aos doze anos de idade. Odiei, e já sabia que odiava. Era amargo e agredia a minha garganta ainda hoje híper-sensível. De cada vez que aspirava o fumo duma daquelas coisas diabólicas, era como se me estivessem a furar as cordas vocais com pregos. Mas, durante um ano, um ano inteirinho, eu treinei-me de forma impecável para sorrir como se estivesse a gostar tanto daquilo como gostaria de que a minha mãe me aumentasse a semanada dez vezes, enquanto pegava no cigarrito entre o dedo médio e indicador da mão direita, muito esticados, e fazer uns gestos subtis e leves com a mão ao mesmo tempo que arrotava umas postas de pescada entre amigos. Esteticamente, era o máximo!
Claro que todos os dias tinha que ter o cuidado de chupar umas pastilhas de mentol antes de entrar em casa, lavar os dentes com uma dedicação sobrenatural, encher a roupa de perfume e refundir o maço de tabaco debaixo do colchão para que os meus pais nem sonhassem. Mas na minha percepção do mundo, era um investimento que compensava.
No entanto, todos nós crescemos e amadurecemos. Passamos a ter uma visão diferente das coisas e eu, aos treze anos e dez dias, muito convencida da minha maturidade recém-adquirida pela chegada do período, depois duma profunda auto-análise, concluí que estava farta de fingir que gostava daquilo. Peguei no resto dos cigarros que tinha em casa e, revoltadíssima comigo mesma, com a porcaria dos conceitos estéticos e com a minha parvoíce, disse:
- P... que p... esta porcaria! Quero mais é que esta m... se f...!
E assim, meus amigos, posso dizer que deixei de fumar aos treze anos de idade.

6 comentários:

Anónimo disse...

Meu menino foi mais rápido e dramático. Ele, que nem Coca-Cola toma, foi experimentar por conta de um colega que não queria fazer isso sozinho. Xingou tanto, bebeu tanta água, que espero que tenha aprendido que as maiores drogas são apresentadas exatamente pelos melhores amigos.

mariabesuga disse...

Pois foi uma muito boa idade para deixar de fumar e com esses impropérios todos à mistura só pode ter sido mesmo decidida e definitivamente.
Muito bem
Beijinhos
Boa ausência... boa digressão.

Paula Raposo disse...

E fizeste muito bem!!
O meu percurso tem umas ligeiras diferenças....

Beijinhos.

R. disse...

Eu cá desisti antes de começar... ;)

R.

Mariquinhas disse...

Eu comecei a fumar já bem crescidinha, com 22 anos e nem sei já como foi, lembro-me da altura - foi quando arranjei o meu primeiro trabalho, assim mais a sério:))
Foi num escritório - não gostei muito de lá trabalhar, à minha volta todos os colegas fumavam, terá sido por isso?! Deixei, mais tarde, quando engravidei da 2ª. vez e, levei anos sem fumar, não é que tive uma recaída - esforço-me para me levantar:))

Castanha Pilada disse...

Senhora, que sorte a tua! :)

mariabesuga, é que eu sou do norte...

Paula, eu não conseguia mesmo.

R., ainda melhor.

Mariquinhas, a minha sorte foi não gostar. Mesmo nada.