Acho que todos os miúdos da minha geração passaram por isto. Não sei se agora ainda passam, mas desconfio fortemente que não.
Era o paraíso, a porcaria do paraíso que nos prometiam como vida eterna depois da morte. A nossa consciência martirizada por muitas sessões de catequese e de pecado mortal, vacilava entre a alegria de viver para sempre ao lado de Jesus e a angústia de saber que o iríamos fazer sentados numa cadeira em cima duma nuvem branca, sem televisão, sem livros aos quadradinhos, sem bolos de açúcar de cinco tostões da padaria da D. Maria, sem bonecas, sem triciclo, sem a relva fresca para correr e rebolar, sem árvores para subir, sem a galinha assada do almoço de domingo. Tão chato como estar no café à espera que as mães acabassem de conversar umas com as outras sobre o que tinham visto na Burda, como ficar em casa porque chovia, como aprender aritmética com vontade de dormir, como decorar as linhas de caminho de ferro e os afluentes dos rios. Ou pior, porque nem sequer ia haver a expectativa do que viria a seguir.
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
10 comentários:
Isso faz-me lembrar o gajo que estava com o S.Pedro lá o céu a olhar para baixo, o inferno.
Dizia o marmanjo: ó S.Pedro, grande farra vai lá em baixo, grande jantarda, vinho, boa música. Nós cá no céu podiamos fazer assim umas jantaradas ao menos, não era S.Pedro?
Resposta do S. Pedro: epá não dá pica cozinhar só para dois.
Euzinho
Ficar em casa depois q chove, ninguém merece mesmo!!!
Adorei o texto!!!
Bjos em teu coração!
A vantagem de ser criada numa família ateia convicta é que tal questão nunca se me pôs. O «céu» era uma imagem de retórica...
Estar no céu, queria dizer estar BEM, não imaginava como um local. Só bem mais crescida, quando tal não me fazia confusão, soube que podia ser o tal sítio de almofadas de nuvens e onde se tocava harpa.
Bem, do que te foste lembrar!
Para mim foi um trauma a catequese
(a que recebi do "terrível" padre da freguesia); só se falava de pecado, sacrifício, inferno, enfim, a apologia do medo...
Para mim o paraíso era um destino inatingível, pouco fantasiei acerca dele, fiquei na expectativa...
Eu já tinha a capacidade de dizer a minha mãe: é estupidez imaginar que céu são as nuvenzinhas e a gente a tocar harpas, né? - sim, eu vivia fugindo da aula de piano, imagina tocar harpas!!!
Fico torcendo, ardentemente, que no máximo seja um coral bem bonitinho... :))) Com as nuvens dá-se um jeito. :))
A mim pintaram-me a manta, digo o céu, de forma bem mais colorida. Qual nuvenzinha! Aquilo era um parque de diversões. Sem pecado, está claro.
O que a mim sempre me intrigou foi saber como estavam por lá os que já tinham morrido? Estariam novos ou velhos?
Euzinho, tu não me digas que a padralhada não está lá e nos vai fazer companhia na eternidade!
Erica, nem no café a levar seca...
Emiele, eu de facto não tive essa vantagem. Por outro lado, tenho estas histórias. :)
Engraçado Mariquinhas, eu pensava imenso nele. Dava-me cá uma angústia!
Senhora, tocar harpa nem deve ser mau. Mas não para toda a eternidade.
Taralhoca, cá para mim estava decidido que eram todos novos e vestidos de tunicazinha branca. Pronto.
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