quinta-feira, 7 de maio de 2009

A começar na idade de 16 anos tive tantos empregos temporários e trabalhos inventados por mim mesma que já nem sei dizer qual foi o primeiro. Depois de algum esforço, acho que foi nos serviços municipalizados. Eu e mais meia dúzia de miúdos e miúdas fomos atirados às feras nas aldeias dos subúbios para fiscalizar e detectar possíveis ligações clandestinas à rede de água a 250$00 por dia. Foi uma coisa surreal. Porque nos fartámos de andar a pé por sítios que nem conhecíamos bem. Mas principalmente porque foi aí que eu fiquei a conhecer o mundo para lá do meu mundo. Até aí, eu não fazia qualquer ideia que havia mulheres fechadas em casa que falavam com quem batia à porta através de meio postigo, a medo, e sempre dizendo que "Venham mais tarde que o meu marido não está e não me deixa abrir a porta a ninguém".
Meu Deus como eu ficava indignada do alto da minha imensa juventude!

8 comentários:

mfc disse...

Agora digo eu que os meus pais não estão em casa quando ligam de telefones anónimos a perguntarem se quero isto ou aquilo!!

Castanha Pilada disse...

Lol, eu digo que sou a criada e pergunto se querem que mande chamar o mordomo.

Mariquinhas disse...

Ah, a Castanhinha no "País Real".

(Mas,quem sabe,não fossem essas "vivências" não teríamos hoje a "Castanha" com as suas fabulosas histórias.)

Poisongirl disse...

É um mundo muito diverso : tanto com tanta liberdade e outros sem alguma.

Sabe o que é pior?
Perceber que são felizes assim.

Anónimo disse...

Eu me faço da mais fútil das fúteis. Até me deito no sofá para fazer toda a cena quando é cartão de credito oferecendo, pela enézima vez, um serviço que não precisamos ao telefone."Ah, querida, eu só gasto... O problema é dele. Então, ter mais um cartão de crédito me confunde as datas...E ele é meio chatinho...". :)
Agora, por aqui, na minha infância, nunca conheci uma portuguesa que não enfrentasse o mundo. Aliás, atravessaram um oceano, não é? ;)

beijinhos

Erica de Paula disse...

E sabe qual é o pior?

Saber que o tempo passou e ainda hoje existem mulheres assim!

Lindo texto!

Bjos em teu coração!

cereja disse...

Esse primeiríssimos empregos, ensinam-nos muita coisa e são excelentes lições de como é a «vida verdadeira» ou pelo menos aspectos diferentes dos que conhecemos até então na nossa casa e escola. Eu tanto quanto me lembro, a primeira vez que 'trabalhei' foi a dar explicações a miúdos bem mais novos do que eu. E passei a respeitar mais os meus professores, aquilo era chato e difícil!!!

Quanto ao mundo feminino em certos ambientes, é realmente uma surpresa. Já há muitos anos fiquei siderada quando uma mulher me confidenciou: «ele já nem deve gostar de mim, já nem me bate!»
O que se responde?!

Castanha Pilada disse...

Mariquinhas, o mundo real é sempre uma experiência muito dura ao princípio.

Poison, perceber que são felizes é uma sensação estranha.

Senhora, a mim parece-me que as portuguesas são como as outras. Umas assim, outras assado...

Erica, devem existir coisas que a gente nem imagina.

Porra Emiele, essa foi forte! Até embacei!