Gosto de ir a concertos e ópera. Não porque tenha uma refinada cultura musical, que não tenho, mas porque gosto, o que me parece ser suficiente.
Infelizmente, nos espectáculos de música (so called) erudita, temos que nos saber comportar. Não podemos ir para lá cantarolar, nem bater o pezinho, nem acompanhar o ritmo com palminhas e, muito menos, acender os isqueiros no ar como no sudoeste à noite já depois das bubas, por muito que o Requiem de Mozart ou o Hino à Alegria nos emocione a alma. É mau. Também temos que saber quando é a altura de aplaudir, sob pena de olharem logo para nós de ladecos como se fôssemos uns labregos. É mau. Claro que há sempre o truque de esperar que os outros aplaudam para alinhar no "Maria Vai com as Outras". Só que isso também não é suficiente, pois topam-te na mesma.
Eu opto pela solução simples de ter o programa na mão. Assim, sei quantos andamentos tem a obra que estou a ouvir e sei que só se pode bater palmas no fim de todos, senão o maestro fica ali com os bracitos no ar a mandar calar a malta e é uma cena um bocado desagradável. Pelo menos se nos estiver a mandar calar a nós.
Um dia destes aconteceu-me pela primeira vez, no CCB, não ter o programa. Porque chegámos em cima da hora e fomos a correr sentar, falhou-me esse pormenor importante. Só me lembrei quando estava a começar, e ainda para cúmulo, os acordes não me eram de todo familiares. Tive a certeza que nunca tinha ouvido aquilo na vida e não sabia do que se tratava. Mas isto foi o pior? Não! O pior foi o senhor inglês sentado ao meu lado ter desatado a fazer-me perguntas sobre o que ia acontecer. Caramba! Se ele me tivesse perguntado quantos cantos têm os Lusíadas, em que museu está a Guernica, o que é uma redondilha maior, qualquer coisa! Agora, sobre a orquestra que estava em cima do palco, eu nem o nome sabia!
Poucas vezes me senti tão estúpida, acreditem...
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
16 comentários:
Eu tinha dito que tambem era estrangeira ...ahahahah
Beijinho.
O que é uma redondilha maior? :) Eu seria duplamente estúpida, garanto. :)
bjs
Sim sim, eu ainda pensei dizer "Mim Ucranian", mas ele era capaz de me achar pouco loira para isso.
Lol Senhora, é um verso de sete sílabas. Mariquices!
Eu tenho de contar uma coisa. A primeira vez que fui à Ópera não sabia nada do que a Castanha Pilada aqui contou mas também não me ralei. Fui de fatinho e gravata pois como a maioria. Nesse dia fui sozinho o que me deixou sem testemunhas. No meio das palmas ouvi um ruido estranho mas não tomei real atenção. O pior foi o cheiro depois. E, depois, sem ruído ainda sobraram mais dois cheiros no acto seguinte. Bendito intervalo. Ainda tem descortinar um rosto mais roborizado no meio dos demais mas ninguém se denunciou :)
Lol! Coitado! Que estreia!
Porque é que não fingiu que não percebia o que ele lhe estva a perguntar?
dizias assim: ai-dontandarsetende!
e pronto!!
Porque aí fazia figura de ignorante ao quadrado: Nem sabia do concerto nem sabia inglês!
A vida tem momentos muito difíceis!
Ok, fui eu que me esqueci de levar o programa. Não volta a acontecer.
Euzinho
"No melhor pano cai a nódoa"
Imagino o seu alívio quando chegou ao fim!...
O "retrato" foi perfeito; há uma certa "intelligenza"que julga a "dita" música pertença sua.
No que se refere a cultura, estou bem pior do que tu.
Bem pior.
Ou seja, até aprecio bastante a música chamada «clássica» (tenho o rádio do carro quase sempre na antena 2) mas sem exageros e raramente, mas muito raramente vou a um concerto. Se ,e apetece ponho um disco na aparelhagem, fecho os olhos e fico a ouvir.
Quanto aos aplausos, o que faço é só começar a aplaudir quando os outros o fazem. É mais seguro!
Não vem a propósito, mas foi hoje que deixei no meu estaminé a História que o teu post sobre 'gostos infantis' me fez lembrar. Claro que são muito diferentes mas a inocência é idêntica.
Euzinho, e eu levei?
Mariquinhas, pois, foi esquisito.
Emiele, o melhor mesmo são os discos na aparelhagem. Não há necessidade de aplaudir.
Não há disco nenhum que me faça perder a vontade de assistir a essa música ao vivo. É como conhecer a História pelos livros em vez de a viver! :D
A sério! Nos CD´s a música não é verdadeira; enganam-nos com uma perfeição que não existe de facto.
Nada como ouvir grandes nomes da música erudita desafinar uma notita e eu reconhecer isso ;) Descubro que também eles são humanos e se enganam, tal como eu... (eh, eh, eh...)
Quanto a sentirmo-nos estúpidos em determinadas alturas é, de facto, uma sensação horrível...
Sim, claro que é diferente. Mas não temos que aplaudir! :)))
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