Um jantar daqueles de trabalho, em que vai toda a gente e nós não conhecemos uma data deles, ou pelo menos não pelo nome, ou temos apenas uma leve sensação de os termos visto passar, tipo é do departamento x? y? Não sei. Já têm o cenário. Foi num destes jantares que esta história se passou.
Eu cheguei atrasadita e fui-me sentar junto do meu grupo, sim, mas numa ponta, ao lado de dois colegas, porteiros, que conhecia mal e pelos vistos me conheciam mal a mim. Às tantas, no desenrolar da noite e do tinto, eles começaram a meter conversa. Mas, como naqueles dias em que mais valia a gente não ter saído de casa, fizeram-no da pior maneira. Depois de terem estado ambos a trocar impressões em voz baixa enquanto olhavam para uma colega na outra ponta da mesa, coisa que tem o nome mais vulgar de cuscuvilhice, perguntou-me um deles:
- Oh colega! Aquela loira que está ali na ponta, de vermelho, é que era a mulher do F***** não era?
Bingo! O F***** era o meu ex-marido.
- Não! - respondi secamente enquanto alguns presentes mais informados se riam só com os olhinhos, mais por dentro do que por fora. E ele insistiu:
- Não é? Olhe que acho que é! Do F*****! O chefe do serviço de ********! Ela era casada com ele! Então não era?
- Não - repeti, com ar de poucos amigos.
- Ela não anda com um gajo de Lisboa?
- Não sei nada disso.
- Mas anda! Trocou o F***** por um gajo de Lisboa e deu-lhe com os pés! A colega há-de-se informar!
De qualquer modo, pela forma como ambos olham para o chão quando passam por mim desde essa história, como se estivessem à procura dum cêntimo que deixaram cair, acho que alguém já os elucidou convenientemente,
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
8 comentários:
E era verdade?? :)
Nunca apreciei esses jantares de confraternização (só a palavra soa mal), eram quase sempre muito formais e, volta e meia, um certo estalar de verniz, no seu caso um "estalanço", a causar situações embaraçosas.
Mas, com franqueza, Castanha, esses dois eram mesmo marretas, não desistiam, mas "quem ri por último ri melhor" (fui muito mázinha, confesso)!
Sempre tive mais colegas homens do que mulheres; eles, ao contrário do que se diz, são tão coscuvilheiros (sobre tudo entre eles) como nós, sem generalizar claro, há excepções.
Kakaka acho que eles nunca mais te olharam nos olhos... rs
Mas, diga-nos, é verdade sobre o gajo?!
rs
Beijos
Através do PreDatado vim visitar-te. Gosto do nome do teu blog, gosto de teres escrito que é para ler e deitar fora. Não vou deitar fora, vou seguir-te, porque gostei do que li. Beijinhos.
Que parte Saltapocinhas?
Mariquinhas, acho que ninguém aprecisa muito. É mais uma coisa que se encara como um dever. E é verdade que os homens são cuscos!!! Ui!
Nós, é verdade que quem era casada com ele não era a minha colega loira, tadinha!
Obrigada Paula! Volta sempre! :)))
Apoiado, também tenho a experiência de que os homens se lhes dá para a 'cusquice' ...
Esta história lembrou-me uma que se passou a semana passada com uma amiga minha, mas bastante diferente porque mais triste. A semelhança é que o indivíduo que meteu conversa também fugiu quando viu a gaffe.
Volto porque também deixei em suspenso quando falei numa história parecida: uma amiga tem um filho doentiamente tímido e que só fala quando lhe dirigem a palavra. Dá um pouco mau aspecto. Mas tem o 12º ano com boas notas, dois cursos 'médios', e todos sabemos que é um rapaz inteligente. Numa reunião, um sujeito quis meter conversa com ela tecendo comentários sobre quem estava na sala e às tantas diz-lhe «aquele rapazito, enfim... é deficiente, é atrasado, sabe?..» Ela respondeu-lhe secamente «Está enganado» e chamando o filho saiu de braço dado mas com o coração apertado. Quando se viram à saída ele até deu um passo atrás...
Essa foi poderosa, fogo!
Enviar um comentário