sábado, 26 de setembro de 2009

Eram oito da manhã, eu tinha acabado de tomar banho e ainda não sabia exactamente como me chamava, de onde vinha nem para onde ia, quando o telefone lá de casa tocou. Estranhei, não era costume àquela hora, e por uma fracção de segundo pensei que devia ter acontecido uma desgraça qualquer. Fui atender e do outro lado uma voz feminina perguntou se era eu.
- A própria - respondi.
- Bom diaaa!!! Eu sou a catequista do seu filho!
- Sim?...
- Sabe, eu tenho andado aqui a pensar... o Joãozinho disse um dia destes na catequese que a mãe não acredita em Deus nem vai à missa. A senhora acredita numa coisa destas?
- Acredito porque é verdade. Eu deixo-o ir à catequese porque ele quer, mas não faço questão nenhuma nem quero saber de nada disso.
Do outro lado, "ouvi" um silêncio. Imaginei que a megera tivesse caído para o lado e, satisfeita, preparei-me para desligar e ir à minha vida. Mas no último segundo, ela ressuscitou.
- Eu gostava de falar com a senhora sobre esse assunto! Posso ir aí a casa?
- Vai-me desculpar, mas nós não temos nada a conversar sobre este assunto. Eu não quero saber da religião para nada!
- Está bem - estas víboras sabem bem dar a volta aos assuntos - Mas eu gostava de falar consigo na mesma! Conhecê-la, só... Posso?
Nesta fase bem me tramou. Como é que uma pessoa que ainda se vai considerando bem-educada vai dizer a outra que não pode entrar lá em casa?
- Está bem, pode...
- Então logo às nove e meia da noite estou aí!
- Estou tramada! - pensei - Isto a mim só destes cromos e falta de dinheiro!
Mas que podia eu fazer? Já tinha fraquejado perante o inimigo. E às nove e meia em ponto, tal como tinha ameaçado, lá estava ela e o marido, também beato, a tocar-me à campainha. E mais ou menos até à meia-noite, enquanto comia os meus biscoitos e se alambazava no meu chá, a criatura insistiu com o dedinho indicador a apontar para o tecto que "Quem sabe se não será através desta criança que Deus vai entrar nesta casa?", enquanto que eu lhe tentava explicar que não perdesse tempo, nem o dela nem o meu, mas em vão. Às vezes não tenho mesmo sorte nenhuma!

7 comentários:

Anónimo disse...

Lá ia eu dizer uma coisa... mas não sou a catequista de seu filho. :)))

Aliás, ainda estou rindo do post passado. :))

snowgaze disse...

estas situações não são nada fáceis...

Castanha Pilada disse...

Senhora, fala à vontade, aqui não há asfixia democrática! Ah pois, esta piada é nacional :)

snowgaze, mesmo nada!

mfc disse...

Chiça.... que frete!

Castanha Pilada disse...

Podes crer.

Mariquinhas disse...

Essa catequista ultrapassou em muito o limite do razoável, apreciei a tua tolerância - e eu que pensava que era...:))
Sobre isso tive uma má experiência com a directora de turma do meu filho mais velho, quando ele veio para os Açores em 1986 para o 7ºano-era, a sua prof de matemática a disciplina que ele mais gostava -um dia na aula à frente de todos ela pergunta-lhe porque é que ele não frequentava religião e moral, ele respondeu que era opção sua desde o 5º ano, ela diz-lhe logo " qual opção tua, tu não tens idade para optar os teus pais é que são os culpados..." vê lá era a disciplina que ele era francamente bom aluno e até gostava da prof,
o rapaz estava a adaptar-se à Ilha e à Escola, a partir desse dia foi um problema que só se resolveu, no ano seguinte quando mudou de escola.

Castanha Pilada disse...

Essa prof de matemática precisava bem daquilo que eles dizem que não querem nem por nada: ser avaliada. A sério.