Foi há dias que a minha mãe, num almoço de família, me atirou à cara com o desvelo duma mãe orgulhosa, que quando eu tinha doze anos poupava a minha semanada para comprar as Selecções do Reader's Digest. Eu que, como toda a gente, vou guardando ao longo da vida ficheiros no arquivo morto, reagi àquilo com um esgar de horror. Selecções do Reader's Digest?! Eu?!
Mais tarde, já mais calma, fui à cata do ficheiro perdido. E, para minha desgraça, ele lá estava a piscar-me o olho no meio de imensa tralha esquecida e cheia de pó. É verdade, eu passei horas naquela idade a deliciar-me com história de meninos que tinham nascido sem pernas nem braços, ceguinhos e com a língua de fora, com histórias de famílias que tinham sobrevivido a desgraças inimagináveis e corajosos lutadores pela liberdade que fugiram de países comunistas só com meia carcaça e um baralho de cartas.
As Selecções do Reader's Digest eram o meu Reality TV na altura.
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
19 comentários:
Quem assinava essa revista era a minha avó (casada com meu avô que tinha a biblioteca). Então, quando o tempo que eu fosse ficar por lá era curto, era na sua coleçào, toda certinha, que eu me enveredava. É... eu lembro que chorava com aquelas histórias. Muito besta! :)))
Essa descrição das "Selecções" está um mimo. :D
R.
Tens um prémio a receber na 'Terra do Nunca', parabéns e apareçe ;)
bj
Lembro-me perfeitamente. Eu também lia...beijos.
Senhora, besta não! Uma mocinha emotiva... como eu!
R. e não era assim? :)))
Olá Sininho, por acaso já tinha visto. Obrigada. Responderei em breve! :)
Paula, pelos vistos não estava sozinha :)
Adoro essa revista!
Saudades daqui, bjos!
Também tenho memórias dessa revista. Mas acho que não lia o mesmo que tu. Era mais as: piadas de caserna, rir é o melhor remédio e flagrantes da vida real.
Eu também era como a cuca, só lia as partes engraçadas. :)
Ontem escrevi o meu comentário, julgava tê-lo enviado, estou com net móvel e com pouca rede, deve ter-se perdido, isto para dizer que entretanto o Kuka falou das secções que eu procurava ler.
Do que falas também me lembro, mas, passava à frente - tinha medo...
Esta revista, lá em casa, estava num "sítio" muito particular onde o meu pai a lia:))
Eu, volta e meia, espreitava as "piadas de caserna" e rir é o melhor remédio - não me lembro de achar muita graça, mas eu era também pequena e por outro lado era uma edição brasileira e na altura não estava tão familiarizada com o "sotaque";))
Achei interessante teres falado em "arquivo morto"- eu durante algum tempo não o gostava de revisitar mas, com a idade/maturidade, foi-se tornando importante fazê-lo - juntar todos os pedaços da minha história que, porventura, alguma vez enjeitei, para perceber melhor, hoje, quem sou e porque sou assim e não assado:))
Que menina tão pouco esperta!
(diz a minha gula que me estourava a semanda toda em doces)
É por isso que ela agora está na falência: porque tu já não compras.
Eu também lia e tenho no meu blogue o link; volta e meia vou lá distrair-mne. :)
Estou a gostar da música.
Castanha, como pediu uma dica para música aqui tem 10 m de Nino Rota responsável por muitas bandas sonoras do cinema "neorealista italiano" neste caso "La Strada" de Felinni é uma idéia haverá mais...
Erica, mesmo?
Kuka, eu lia tudo, os 12$50 tinham que render, mas curtia mais os dramas.
snowgaze, acho que a cuca é macho...
Mariquinhas, acho que é isso que eu ando a fazer aqui: a juntar as peças. Quanto à música, eu até agora só tenho usado música portuguesa e alguma brasileira. Mas acho que vou abrir o leque mesmo, isto começa a ficar apertado.
Taralhoca, lol! Era burra mesmo!
Gi, eu era uma cliente muito importante. Eu e os milhões de fãs meus que me seguiam. :)))
oops mil desculpas, cuca
Lol!
Parece que finalmente faliram...
É o que diz a Gi. Eu deixei de comprar!...
Ah, ah, ah, ah... Que engraçado! A minha mãe ainda a compra e eu divirto-me a ler as anedotas, claro que velhíssimas, mas que me divertem sempre. Da próxima vez que lá for a casa, lembrar-me-ei deste blogue :D
Ai ainda existe?
Enviar um comentário