segunda-feira, 15 de junho de 2009

A fronteira é sempre, de certa forma, terra de ninguém. Era aí que estávamos a chegar quando decidimos que era hora de parar e jantar. A escolha que se impunha: Do lado de cá, ou do lado de lá? Acabámos por escolher o lado de cá para disfrutar dum jantar mais simples e leve antes de entrar em Espanha, onde cada refeição significa lubrificar o aparelho digestivo de forma a ficarmos com dotes de faquir por umas horas. Estávamos nestas considerações quando notámos uma casa à nossa esquerda, pintada de cor-de-rosa vivo e com a indicação "RESTAURANTE" em letras bem gordas num anúncio. Parecia limpinha e até tinha algumas roseiras a crescer à entrada, bem diferente das tascas de camionista da zona. Estava escolhido.
Estacionámos ao pé dos vários Mercedes de várias cores. Entrámos e fomos logo conduzidos a uma mesa por uma rapariga loira-oxigenada de vestido brilhante e justo muito decotado. Na única mesa ocupada além da nossa, vários homens de aspecto bruto jantavam já.
- Temos febras grelhadas e salmão grelhado! - anunciou a rapariga do vestido brilhante.
Perante a nossa estranheza informou que não, não havia menu, nem entradas, apenas pão. Justificou-se com o facto de estarem abertos há pouco tempo.
Já arrependidos da escolha feita, lá optámos pelo salmão.
Enquanto esperávamos, distraí-me a analisar a decoração do espaço, coisa que pelos vistos apenas uma mulher se lembra de fazer. Era estranha. Várias réplicas de pinturas clássicas de nus preenchiam as paredes à mistura com fotografias que diziam "Paris mon amour". As cortinas eram floridas e com folhos muito kitsch. Nada era coerente com nada. Depois, começaram a surgir lá de dentro, por uma cortina pesada que dizia "acesso restrito" várias raparigas, todas loiríssimas e todas com indumentárias pouco adequadas ao trabalho num restaurante. Para além de mim, não havia ali mais nenhuma mulher que não fosse loira e não tivesse um vestido justíssimo, curto e com um decote até ao umbigo. "Para quê tanta gente para servir meia dúzia de mesas?" - interroguei-me.
Pela primeira vez, desconfiei que não estava num restaurante.
Alguns minutos mais tarde, uma das raparigas, de saia branca muito curta e top, posicionou-se no meio da sala, pegou num microfone e começou a cantar "Besame, besame mucho...", com voz de bagaço. Enquanto isso, surgiu outra personagem: Um matulão de camisa às flores que era visivelmente o patrão da casa e que elas tratavam por Yuri.
Tive então a certeza que não estava num restaurante.
Aí, pensei claramente duas coisas:
1. Que se lixe, sempre fico com uma história para contar no blogue.
2. Vou acabar de comer bem depressa antes que a gaja se dispa.

15 comentários:

Miepeee disse...

Restaurante com musica ambiente ...ahahah

Mariquinhas disse...

(...) "Desfrutar de um jantar simples e leve" e o pormenor das "roseiras", preâmbulo mais que perfeito para - "besame, besame mucho"!

No mínimo, deliciosa!

Anónimo disse...

:))) Do jeito que as vezes sou desligada, era capaz de eu ainda pedir um café e perguntar se era sempre a mesma cantora. :)

beijinhos

Castanha Pilada disse...

Miepeee, e por acaso eu senti um bocado que me estavam a dar baile.

Ai Mariquinhas! Aquele besame mucho matou-me! Lol!

Lol Senhora! Achas?

Anónimo disse...

Como viajo muito pelo país já não caio nessas, mas como há sempre uma primeira vez para tudo, já me aconteceu. O pior é que ia com uma foto-jornalista que conhecia mal e fiquei embatucado, com medo que ela pensasse que eu tinha feito de propósito. Felizmente ela percebeu e ainda nos rimos bastante com a cena. Strip incluído...

Castanha Pilada disse...

Carlos, na verdade não me parece que isto tenha a ver com viajar muito ou pouco. Quando não se conhece não se conhece.

kuka disse...

E o que te leva a pensar que a menina se ia despir?
Podia muito bem ser o Yuri!

Luís Filipe Maia disse...

Kuka tem razão ele há "restaurantes" onde até se despem os dois.

Não havia fast food ?

cereja disse...

:))

Comecei a achar estranho no segundo parágrafo: Com tão bom aspecto, as roseirinhas e tudo, e só outra mesa...
É terrível, mas há muitos anos já passámos por uma situação parecidíssima com essa mas em França. Um restaurantezinho de estrada, onde parámos para jantar, e oferecia quartos. A verdade é que acabámos por lá ficar, eu e o meu marido, porque já era bastante tarde, mas demos conta quando vimos o quarto que aquilo era mesmo para encontros ocasionais... Não interessa, lá dormimos num quarto cheio de espelhos, e saímos de lá no dia seguinte mortos de riso a imaginar o que estariam a pensar de nós!

papagaio disse...

a posiçao geografica de tal restaurante nao dizes?

Taralhoca disse...

Se tinha comida o resto era apenas uma questão de gosto :).

Castanha Pilada disse...

Kuka, pior ainda!

Luís, não, só salmão e febras... Se aquilo lá para dentro era fast não sei.

Emiele, são episódios de quando os mundos colidem. Isto faz-me lembrar ficção científica :)))

Papagaio, coordenadas não sei. Sei ir lá ter... mas já não quero.

Taralhoca, comida comida era como quem diz.

Gi disse...

As coisas que te acontecem na vida, moçoila!
Toma e embrulha!

Paula Raposo disse...

Eh eh eh já me ri! Beijos.

Castanha Pilada disse...

Gi, tem dias.

Paula, até eu.