terça-feira, 2 de junho de 2009

Há uns dez anos, mais coisa menos coisa, esteve na minha cidade uma exposição de pintura de Júlio Resende que eu, como não podia deixar de ser, fui ver. Quem lá estava também na altura era alguém meu conhecido ligado à organização que, depois de ouvir os meus parabéns por ter conseguido levar ali aquela exposição, comentou qualquer coisa como:
- Agora o que era ouro sobre azul era ele morrer a seguir.
- O quê?! - perguntei, ainda duvidando de ter sido dito aquilo mesmo que eu tinha ouvido.
- Sim - continuou com o mesmo semblante profissional pragmático - Já viste o que era se a última exposição em vida de Júlio Resende fosse precisamente esta?
Os olhos brilharam-lhe tanto perante a perspectiva que eu achei que ia passar por cima daquilo e continuar a ser sua amiga. Ainda que duma forma doentia, aquelas palavras não eram uma praga dirigida a alguém, eram apenas o desejo desmedido de sucesso profissional. Às vezes as pessoas ficam assim e nem dão por ela.

6 comentários:

Paula Raposo disse...

Às vezes as pessoas passam-se...beijos.

Castanha Pilada disse...

Às vezes...

cereja disse...

E até nos faz sorrir.
Mas há quem mais ou menos pense assim para valorizar os quadros que comprou. Pintor morto, valor aumentado!

papagaio disse...

estava na brincadeira na certa nao estou a ver uma pessoa desejar tao mal a outra......digo eu
muah´sss

VAP disse...

Bem...que estupidez!
Muito difícil superar essa observação que, no fundo, revela muita coisa.
Como é possível ver Resende e dizer barbaridades dessas?
É dar pérolas a porcos!

Castanha Pilada disse...

Emiele, pensando bem já não quero ser pintora quando for grande.

Pois não Papagaio, isso é impensável!

Vap, acho que a pessoa em causa diria isso de qualquer um.