E quando o tempo piorava, quando vinha uma daquelas mini-tempestades que varriam tudo a vento, era certinho. Ficávamos sem televisão.
Depois, lá ia o homem da casa para cima do telhado endireitar a antena. E era aí que se vivia um verdadeiro espírito de entreajuda familiar: A mãe e os avós ficavam em frente à televisão a fazer a supervisão técnica, e os filhos saíam para o quintal servindo de meio de comunicação. O pai ia virando a antena, muito devagarinho e perguntava:
- Está bom?
E os filhos perguntavam lá para dentro:
- Está bom?
Ao que a mãe e os avós respondiam:
- Não!!!
E gritavam os filhos lá para cima:
- Não!!!
Até que às tantas alguém gritava lá de dentro:
- Assim! Assim!
E os filhos outra vez:
- Assim! Assim!
E respondia o pai:
- Mas assim não dá senão tenho que ficar cá em cima a segurar!!!
E desta forma viajavam mensagens entre a sala de estar e o telhado até haver televisão outra vez. A maior parte das vezes, debaixo de mau tempo.
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
6 comentários:
Do que tu me foste lembrar!!
É que era mesmo assim...
Uau!! Eui já vi esta cena em casa!! :)))
Outros tempos...Hoje em dia o "vendaval" vem a seguir ao comando se extraviar ou avariar;))
Valha-me deus, Castanha de que te/me foste lembrar!!!...
Fantástico!...
Beijinho
Era não era mfc? :)))
Senhora, pelos vistos era uma cena universal!
Mariquinhas, fizeste-me lembrar aquela tirada em que a criancinha pede ao pai: "Oh pai, cont-me outra vez aquilo de vocês terem que se levantar para mudar de canal!"
maria, também era assim lá em casa? :)))
Assim, com toda família nunca me aconteceu. Aliás em Lisboa sempre funcionou regularmente. Onde funcionava, ou antes não funcionava! era na casa de campo que tenho que aquilo é num vale e é péssimo para essas coisas, até para o sinal do telemóvel. E quem lá ia era um «especialista» um senhor todo empenado, meio coxo e maneta que nem sei como subia ao telhado. E acho que só comecei a ver a coisa como deve ser quando veio a tvcabo por satélite!
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