No meu top de restaurantes maus ou simplesmente inacreditáveis há um que é inultrapassável no que teve de surreal. Foi num tasco daqueles à beira-mar, com uma vista maravilhosa que, por si só, torna indesculpável a incompetência. Quem tem o privilégio de ter um estabelecimento num sítio daqueles, devia ser preso por não oferecer um serviço a condizer. Mas isto sou eu a falar, porque obviamente, eles não eramda minha opinião.
Era um daqueles fins-de-semana de Junho em que acordamos e achamos que queremos comer sardinhas assadas com pimentos e aquelas coisas todas que fazem parte da época. Entrámos e perguntámos à senhora que lá andava dum lado para o outro se tinham sardinhas. Resposta afirmativa, abancámos. Escolhemos o prato imediatamente pois já sabíamos o que queríamos e pedimos a carta de vinhos. Escolhemos. Entretanto, trouxeram-nos um cestinho com pão e uma travessinha com o que eles entendiam ser um menu de entradas: azeitonas rafeiras, manteiga e queijo Queru. Perguntámos se havia queijo e a resposta foi que sim, apontando para o dito. Ok.
Para aí um quarto de hora depois apareceu a empregada, que disse o seguinte, e juro que isto é verdade:
- Olhe, os senhores podiam escolher outro vinho? É que eu não consigo encontrar o que pediram, não sei onde está!
Escolhemos outro vinho.
Para aí meia hora depois, como não acontecia nada, algumas pessoas que estavam sentadas à espera começaram a levantar-se e a ir embora. A empregada, pateticamente, só dizia "Peço imensa desculpa! Peço imensa desculpa!", que parecia ser uma gravação que tinha engolido nessa manhã.
Finalmente, uma hora depois, chegaram as sardinhas. Amassadas e secas, bem ao estilo das congeladas. Mesmo ali, em frente ao mar, numa vila tradicionalmente piscatória. Quando perguntámos se as sardinhas eram congeladas, ouvimos a gravação: "Peço imensa desculpa! Peço imensa desculpa!"
No fim daquele mini-pesadelo, como é evidente, dispensámos a sobremesa e só queríamos ir embora. Mas ao sair, eu ainda espreitei para o balcão das ditas, onde umas mousses de chocolate secas e já separadas das taças nos rebordos esperavam um qualquer golpe de misericórdia.
- Estava tudo bem? - perguntou a tontinha da empregada.
- Não - respondemos - estava tudo mal.
- Ai! Peço imensa desculpa! Peço imensa desculpa!
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
9 comentários:
Com certeza herdaram o restaurante e ainda não sabiam o que fazer com aquilo tudo! :))
Fiquei com pena da empregada! :)
bjs
A pena passa loga a seguir à primeira meia hora de espera.
Eu sou u bocado retardado, por isso começo por reagir à bruta e masi tarde, tenho pena da empregada. Porque a culpa não é dela mas dos patrões que não merecem ( como muito bem diz) o privilégio de eexplorar um lugar assim. E há tantos, na costa portuguesa com essas más características...
Há dias de manhã que uma pessoa à tarde não deve sair de casa à noite... muito menos à hora de almoço para ir comer sardinhas à beira mar numa zona piscatória que é o sítio mais improvável para haver sardinhas.
Bjbj Castanha
E muitas das vezes são espaços concessionados e/ou receberam um subsídio, ao abrigo de qualquer programa de incentivos, nomeadamente para exploração turística,enfim... Assim ou assado há que ter em atenção o bom serviço ao cliente, a razão primeira da sua existência... E ainda há quem diga que o turismo é a nossa fonte de riqueza, não há
"pachorra"!
Eu também não tolero, situações dessas
É mesmo incrível! Beijos.
Carlos, eu sou o contrário. Começo super tolerante e vou aquecendo.
Maria, há sítios à beira mar onde se come peixe a sério. Não aquele.
Mariquinhas, a sensação que aquilo dá é a total desperdício. O que eu não faria com um sítio daqueles!
Paula, mas infelizmente verdade.
Falta aviar a malta para ninguém lá ir. Pior que tascos ordinários sem qualidade e que deveriam estar fechados são os pretensiosos careiros, para os quais não tenho o mínimo de paciência.
Contudo faço uma pergunta
usaste o livro de reclamações ?
Não usei e fiquei arrependida. Mas naquele momento, o ar de intruja suplicante da empregada fez-me parar o cérebro.
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