quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Quando o meu pai teve que partir para a guerra, surgiu uma questão que não tinha passado pela cabeça de ninguém até então: O carro, o nosso maravilhoso Fiat 600, ia ficar ao abandono sem ninguém que o conduzisse. Provavelmente, quando o meu pai voltasse um dia, já nem funcionaria. Então, teve início com a participação de todos os membros da família, dos mais chegados aos mais afastados, uma tertúlia destinada a concluir se, caso a minha mãe tirasse a carta de condução para andar com o carro na ausência do marido, continuaria ou não a ser uma mulher séria e respeitável e não caíria irremediavelmente nas bocas do mundo, com o seu nome arrastado pela lama. Em cima da mesa pousaram-se argumentos, contra e a favor. Procuraram-se exemplos de mulheres que já conduziam. Algumas eram, de facto, perdidas. Até fumavam. Mas outras não.
Finalmente, depois de muito debate, concluiu-se pelo sim. Oficialmente, a família decidiu que conduzir não era condição sine qua non para uma mulher do clã se perder. O que foi bom, porque outras aproveitaram a boa onda e se juntaram e foram tirar a carta todas ao mesmo tempo, aliviadas dum peso que carregavam há anos sem qualquer sentido.

6 comentários:

Mariquinhas disse...

Tal e qual:))
Por fumar, também, me perdi, não havia necessidade, felizmente que já me encontrei...

Paula Raposo disse...

Exactamente!

Anónimo disse...

:))) Eu lembro que a minha mãe dirigia, e tinha seu próprio negócio. Aliás, naquela época poucas mulheres não dirigiam. O chato pra minha mãe era ela ter que carregar os 5 filhos... :))

bjs

Castanha Pilada disse...

Mariquinhas, a gente perde-se a torto e a direito. Mas encontra-se sempre.

Exactissimamente Paula.

Senhora, a minha mãe carregava quatro. Era só menos um.

Mariquinhas disse...

É isso mesmo, graças a Deus!!!

bell disse...

E fizeram elas muito bem!