(continuação)
São duas horas, uma em Portugal, já ali a uns quilómetros de distância. Sem nada que o justifique, a vida começa a desaparecer. As lojas fecham, trancam-se portões e grades, recolhem-se toldos. Cada vez há menos gente nas ruas e os que permanecem são estrangeiros. Vamos deixando de ouvir as interjeições típicas. Mira, hombre! Que aconteceu? Pensamos que vai haver um ataque terrorista com armas químicas e só não nos avisaram a nós. Sentimo-nos perdidos. Afinal não. Por volta das cinco recomeça o burburinho da cidade sem que nada de grave tenha acontecido. Acreditemos ou não, eles foram dormir. Dormir? Sim, dormir! Como nas anedotas, como nas comédias de televisão, foram fazer a siesta. E quando entramos na primeira loja ouvimos um "Hola!" sem culpa. Não um cumprimento acabrunhado de quem pede desculpa por se ter deixado adormecer a ter perdido três horas de trabalho em pleno dia, como esperávamos, mas sim um "Hola!" de quem está a começar o dia fresquinho. É estranho, muito estranho! Somos tão iguais e tão diferentes!
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
8 comentários:
E imprescindível 'siesta'. Beijos.
André foi à trabalho em Madri e por lá ficou 1 mês. Segundo ele, era impossível acompanhar os hábitos espanhóis, por melhores e saudáveis que fossem. Chegava ao final do dia aos trapos. Chegou de volta ao Brasil com 5 kg a mais, no mínimo... Suspeito que a tal siesta tenha contribuido muito.
E, depois, desse "recobro", estão frescos como uma alface prontos para "la movida" - indo por noite dentro... No dia seguinte lá estão prontos para retomar o tralhalho - bendita "siesta"...:))
Paula, para eles!
Senhora, a siesta e os chorizos e as patatas bravas, no?
Mariquinhas, até pode ser, mas isto não é igual para todos. Eu tenho cá para mim que se dormisse uma siesta já ninguém me arrancava da cama para ir trabalhar de tarde. Fazia seguido! :)
Castanha, bom dia!
Olha eu aqui mal entrando e já "palpitando" no seu belo blog...
A tal da "siesta", que no Brasil, não chega a ser uma instituição como aí, porém não é de todo incomum, a mim tem o efeito que descrevestes, qual seja: ninguém consegue arrancar-me depois que a ela me entrego! Ou pior, se necessário for, deixo-a aos "trancos e barrancos", mente embotada, tal e qual uma sonâmbula, sem vontade e raciocínio!
Deixa estar! Toco a semana sem essa bênção!
Gostei do blog e estou linkando! Abraço
OLá Nereida! Bem-vinda! :) Aqui, a siesta também não é instituição, só na Espanha mesmo. Nós bulimos de manhã à tarde e depois dormimos cedo. Somos menos divertidos. :(
Estes teus três posts divididos mas seguidos estão fantásticos.
Acho que a nossa recusa da sesta tem tudo a ver com educação. Afinal em crianças dormimos naturalmente sesta. E há quem a defenda científicamente. Mas a verdade é que em Portugal (e nos outros países da Europa) não há esse costume.
Li contudo por aí, que creio que na Dinamarca, ou num outro país nórdico, as empresas estavam a instituir esse costume para aumentar a produção dos empregados!
Eu também só dormia de dia quando estava doente, mas desde há uns tempos depois do almoço se me sento num sofá adormeço. Quando acordo com a sensação de que deve ser tardíssimo e perdi toda a tarde... passaram 10 ou 15 minutos! Mas funciona, porque fico depois toda espevitada.
Ao fim de semana, é claro, não somos espanhóis nem estamos na Dinamarca.
Pois Emiele, ao fim-de-semana. Eu por acaso faço um esforço titânico para não dormir de dia. Duma maneira estúpida, de facto...
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