Ela era assim. Não era totalmente má pessoa, que eu saiba nunca matou ninguém à fome nem com tortura lenta, nunca fez um desfalque no emprego nem tinha cadáveres enterrados no quintal. Mas era assim.
No dia em que a levei comigo ao super-mercado, estavam à entrada a oferecer amostras duma marca nova de detergente. Eu entrei, ofereceram-me uma caixinha, eu aceitei e fui à minha vida. Entretanto deixei de a ver e já começava a pensar que, apesar de chata como a potassa, a tinham raptado. Mas meia hora depois desfez-se o mistério. Ela apareceu ao pé de mim com um ar vitorioso como se lhe tivessem conferido um doutoramento honoris causa e contou-me orgulhosíssima o que tinha andado a fazer:
- Eles estavam a oferecer detergente, viste? Então eu passei uma vez e saí, dei meia volta e entrei outra vez. Fiz isso dez vezes! E só parei porque os antipáticos me disseram que já tinha passado muitas vezes e não me davam mais!
Então, feliz como uma noiva de Santo António, desviou um pouco o casaco que trazia dentro do carrinho de compras para que eu visse o espólio: Dez caixas de amostra do novo detergente!
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
12 comentários:
Deixa eu adivinhar... Era na verdade uma menino e devia ter por volta dos 13 anos. :))
beijinhos
Não, era mais a minha sogra...
Isso é mesmo coisa de sogra, salvo seja que eu também já sou sogra e não tenho dessas pancas...
Gosto destas estórias. A sério!... Adoro!...
Bom dia!
Beijinhos
:))))))))
Eu tinha me esquecido disso! Eu também tenho sogra! :))
Maria besuga, eu sou semi-sogra. Acho que se pode dizer assim. E não sou borlista.
Senhora, eu agora, infelizmente não tenho. Esta história foi com a ex-sogra.
Ontem não pude cá vir; mas não posso passar sem dizer que esta é mais uma pérola! Agora, já que se falou de sogras, a minha era mais guardar os pacotinhos de açúcar, quando ia comigo ao café (já estava a ficar velhota e o seu espírito de poupadinha exacerbou-se ao ponto de não ter noção das figuras tristes que fazia) chegava a pedir às pessoas, da mesa do lado, o açúcar quando não usavam. Mesmo assim, tenho saudades dela!
Sabes que nó não postei na menina de 13 anos como a senhora, por o produto ser detergente...
Mas conheço esse tipo de pessoas. Talvez não fizessem esse truque tão óbvio, mas podiam voltar lá à tarde para o segundo pacotinho...
E nem ficou envergonhada?...
Até parece este fim-de-semana as pessoas no Continente (post no 31).
Mariquinhas, então? A senhora podia ser uma coleccionadora de pacotinhos de açúcar! Há muitos!
Emiele, envergonhada?! Vê-se bem que nunca a conheceste!
Gi, vou lá ver isso...
Não Castanha, ela até ficar viúva não tinha hábito de ir ao café e passou a ir comigo - achava um desperdício mandar o açúcar para trás, já estava pago dizia ela.
Essa das colecções é outra história aliás outras e boas...lol
Ah, então há para aí mais histórias interessantes!
Lololol
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