terça-feira, 9 de dezembro de 2008

É uma vila lindíssima, situada entre montanhas e rodeada de verde. Mesmo antes de chegarmos, enquanto serpenteamos pela estradinha que nos leva ao vale, já estamos de a pensar como é possível um lugar ser tão belo como as paisagens que vimos em lugares virtuais, inventadas por construtores profissionais de beleza. Num museu, por exemplo.
Estes pensamentos foram interrompidos por um jovem que, na beira da estrada, contemplava uma pedra de forma obsessiva. Nem levantou os olhos para o carro, o que seria de esperar tendo em conta que passam lá tão poucos. Avançámos e esquecemos.
Fomos ao que ali nos levava. Ao longo das horas em que lá estivemos, reparámos que não havia rede de telemóvel, nem um café ou restaurante (apenas uma pequena taberna), nem lojas, nem qualquer tipo de diversão. Isso não nos incomodou muito porque logo partiríamos para o meio da confusão onde temos tudo. Não nos lembrámos, claro, que talvez incomodasse quem ali mora.
No caminho de volta, o mesmo jovem que tínhamos visto à chegada, continuava à beira da estrada, agora de pé, hirto como uma estátua e tentando equilibrar sobre a cabeça a pedra que antes observava.
Será este o efeito da interioridade?

10 comentários:

Gi disse...

Provavelmente não será o efeito, mas sim o preço.

mfc disse...

O mito de Sisífo.

Anónimo disse...

:))))))

Se voltasse para lá mais tarde, com certeza o acharia com a pedra ao chão, amarrada ao pescoço. E ele tentando entender onde teria falhado.

Anónimo disse...

mas que raios foram fazer para tao desertica zona?aos gambuzinos?

kuka disse...

Engraçado! vivo na provincia e nunca assisti a nada semelhante. Mas recordo cenas parecidas com essa no tempo em que vivia na capital e passava junto do hospital Miguel Bombarda e nas imediações do Júlio de Matos.

cereja disse...

É uma fábula?
Uma parábola?
Uma metáfora?

Aconteceu?....

Monday disse...

o mais saboroso do nosso mundo é essa diversidade incrível de mundos, como se alguns quilômetros pudessem representar anos-luz a separar povoados como se fossem planetas de outras galáxias ...

gostei daqui, uma ótima indicação da Senhora, com uma abordagem bem particular em seu estilo. estás no meu grupo de favoritos ...

ah, e obrigado pela visita ao nosso blog à quatre ... quando quiseres retornar, as portas estarão sempre abertas

Paula Baltazar Martins disse...

Estranho comportamento :) Certamente procurava encontrar alguma diversão num sítio onde só na natureza se pode encontrar algum entretenimento.

Taralhoca disse...

Eu sou moça do interior. Da cidade à semana, da aldeia ao fim-de-semana. E também sinto o apelo do calhau... se bem que não para o equilibrismo.

Castanha Pilada disse...

Gi, ou isso.

mfc, o trabalho de Sísifo não era tão criativo.

Oh Senhora, caramba! Lol!

Mais ou menos Papagaio.

Lol Kuka!!! :)))))))

Emiele, aconteceu. Quem poderia inventar algo tão estúpido?

Monday, só tu é que me compreendes pá!

Dantins, deve ser isso.

Lol Taralhoca! :)))