terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A pedido duma ex-colega que morava longe, ele foi a casa dos pais dela buscar umas "coisinhas" que eles lá tinham para lhe mandar. Depois de vários quilómetros por terra batida, facilmente ultrapassáveis, apesar de tudo, com a ajuda do GPS, mas impossíveis de vencer sem ele, lá chegou a uma casinha com quintal e um portão, atrás do qual a aproximação do automóvel provocou a excitação duma canzoada imparável.

Surgiu então uma senhora enrugada, de lenço na cabeça, bata de chita e botas de borracha. Que ia só buscar as coisas, era um instantinho. Apareceu com três sacos de laranjas e dois garrafões de vinho caseiro. Silenciosa e sem qualquer tique daquela delicadeza urbana mais ou menos de plástico a que estamos habituados, voltou para dentro. Deve faltar qualquer coisa. E faltava. Uma cesta com uma galinha viva lá dentro, só com a cabeça assustada e inquieta de fora da tampa amarrada com cordas. Quando tudo já estava dentro do carro, a senhora comentou qualquer coisa sobre ser uma pena desperdiçar tanto espaço. Desapareceu novamente e trazia mais um garrafão de azeite e uns enchidos que cheiravam pela aldeia toda assim que espreitavam da abertura do saco de hiper-mercado. Olhou para o carro. Já estava compostinho. Mas ainda levava mais uns quilos de feijão inchado e umas batatas. Foi buscar. Finalmente, ainda havia hipótese de transportar uma couvinha-penca que foi cortar na hora.

Depois de fechado o porta-bagagens do último modelo alemão, era visível através do vidro a cabeça duma galinha em pânico, encostada a um canto pela força duma frondosa couve. Ao lado, alguns sacos de plástico amontoados.

Sabendo que era superior a essas coisas, ele desejou "quand même", que nenhum conhecido se lhe cruzasse no caminho.

9 comentários:

mfc disse...

Pudera...
E se fosse apanhado pela Asae?!

Anónimo disse...

:)))))

E ela é que decidia o que cabia no carro?
Tadinha da galinha! :))
Acho que a ex-colega (nessa altura ex, mesmo! ) precisaria de um armazém para guardar tudo isso! :))

Anónimo disse...

nunca me envergonho de ir á "terrinha" encherme-me de azeites e batatas que sei de antemao sao la da terra com estrume de boi e vaca.....ai que bom que sabe

Castanha Pilada disse...

mfc, ou pela GNR! Ficavam-lhe com a mercadoria, só deixavam a galinha!

Senhora, essa parte fica para um próximo capítulo!

Pois é Papagaio, mas são para ti! Não são para a colega!

Kruzes Kanhoto disse...

Porquê?! Ficavam com inveja, era?

Castanha Pilada disse...

Ou isso!

cereja disse...

Pois eu deixava ficar a galinha à senhora (explicava que ela devia enjoar no carro, ou coisa assim) mas tudo o resto era excelente. A colega não lhe deu aí uns 10% de comissão?

Gi disse...

Pois é, da próxima vez que se for ao campo, o melhor é levar uma Guia de Transporte.

Castanha Pilada disse...

Emiele, nepa.

Lol Gi, é melhor mesmo.