quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ainda certas coisas como os telemóveis e outras coisas do género eram coisas para além da imaginação de qualquer mortal, já o meu pai me dizia que se não aprendesse a trabalhar com computadores seria uma analfabeta como quem naquele tempo não sabia ler nem escrever. Eu não entendia o que ele queria dizer com aquilo porque os únicos computadores que conhecia eram os dos filmes e das séries de ficção científica e, quando me imaginava, qual mister Spock em versão feminina, a descodificar cartões perfurados que saíam de máquinas gigantescas cheias de bobines numa qualquer nave espacial, achava que o meu pai, coitado, não devia andar a bater bem. Apesar disso aquela mensagem entranhou-se-me na cabeça de tal forma que fui uma das primeiras a comprar um spectrum e os respectivos calhamaços que ensinavam linguagem BASIC, divertindo-me então a fazer programas complexíssimos que permitiam dizer qual era o maior de dois algarismos ou fazer uma conta de somar. Mais tarde, assim que tive uma oportunidade, fui aprender MS-DOS, UNIX, e depois a versão mais primitiva do Windows. No fundo, vivia um bocadinho preocupada com a ideia de vir a ser uma analfabeta apesar de saber ler e escrever sem erros.
Há muito que pude concluir que o meu pai, muito antes do tempo, estava cheio de razão. Só me espanta que ele próprio não tenha qualquer interesse em aprender informática e só se digne a passar por um computador a uma distância segura.

4 comentários:

Mariquinhas disse...

Ainda cheguei a trabalhar nessas máquinas (monstrengas) de cartôes "mecanografados", penso que era assim que se chamavam, depois nos computadores que quase que ocupavam uma sala e por aí fora até hoje - tenho apanhado tanta mudança e ainda assim, às vezes, parece-me que tudo começou ontem:))
Pois, Castanha, o teu pai só demonstrou ser um bom pai - desejando o melhor, só, para ti...

Anónimo disse...

Eu comecei pegando o MS-DOS à contragosto, trabalhei com gente que respirava UNIX. Aprendi a mexer no computador jogando o manual do lado, tendo o cuidado de aprender antes o único comando que não poderia dar de jeito algum. Ou seja, sei o básico para escrever. Meu pai, uma espécie de McGyver, só hoje mexe com computador porque está morando longe de nós e morre de saudades. Nem duvido que um dia acabe criando um blog. :))

Castanha Pilada disse...

Mariquinhas, eu não cheguei a trabalhar com os cartões aos buraquinhos. Mas nos filmes de ficção científica eles faziam um figurão.

Senhora, o "format C:" não era? Fatalíssimo! :)))

Pedro Aniceto disse...

O teu pai era um sábio! Como é que ele sabia que ias ter um blog? (Lembrei-me da história de um jornalista angolano que disse ao pai: "Pai, tenho um blog!" e ao que o velhote retorquiu "E já sabes se é maligno?"