Até hoje, ela guarda na memória o momento mais embaraçoso da sua vida: o dia em que viu parar à sua porta um ex-colega a quem pediu que fosse a casa dos pais buscar o que ela pensava ser um saco de vegetais. Trazia o carro novinho, lavadinho... a abarrotar de tralhas que a sua família demoraria mais de um ano a consumir. Isso até nem era o pior, podia partilhar com ele e o favor ficava pago, digamos. O pior era a galinha viva! Numa avenida com lojas da moda nos pisos de baixo e apartamentos nos de cima, com parqueamento pago e onde, apesar de não saber o nome de ninguém, todos se conheciam de vista, ela ficou à porta do prédio com uma galinha viva, presa a uma pata por um cordel do qual ela segurava a outra ponta, como se fosse um cãozinho de estimação mas que cacarejava. Lembra-se que olhou para todos os lados e, discretamente, largou o cordel e subiu.
No dia seguinte de manhã, a galinha debicava à volta duma das árvores da avenida e à tardinha, quando chegu do emprego, ainda lá estava. Claro que não ia matá-la! A experiência mais radical que tinha em assassinato de coisas vivas era a de pôr insecticida nos quartos antes de sair de casa! Se tivesse um revólver!... Com silenciador!... Era rápido e nem tinha que lhe tocar!... Abanou a cabeça para afastar a ideia estúpida e nessa noite, pela calada, saiu de casa às três da manhã, pegou na galinha, meteu-a no porta-bagagens, e foi abandoná-la na faixa central da via rápida mais próxima.
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
9 comentários:
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Estou rindo até agora!!!! kkkkkk
Estou imaginando toda a cena!
Bom, o maravilhoso e prestativo amigo, ainda é amigo? :)))))
Da galinha já nem mais pergunto...
É criminoso o abandono de animais. Ainda por cima numa estrada, com risco de originar um grave acidente. Pobre galináceo. Tinha tido um fim bem mais glorioso se tivesse almoçado com o kuka.
horrível!!! abandona-la para a morte... mais valia ir dá-la a alguém que lhe fizesse melhor uso (prato):) agora a sério, imagino a cara quando te deram a bicha para as mãos em pleno centro da cidade!!
Concordo com o Kuka... Aquela receita de coxas recheadas... huuummmmm... ;)
Ficou feita em picadinho...
De certezinha.
Senhora, o confronto da ruralidade com a urbanidade, dá sempre histórias boas! :)))
Sem dúvida Kuka, sem dúvida!
Divagações, a dificuldade está em encontrar, numa cidade, quem tenha condições psicológicas de meter a faca ao pescoço duma galinha viva.
Se esta é a sequela da História de 3ª feira, eu logo disse que essa coisa da galinha viva é que era complicada!
E vendê-la a uma loja de animais?... talvez alguém a adoptasse como animal de estimação. Essa crueldade da auto-estrada acho mal! Tadinha...
Oh Emiele, quem sabe ela ainda lá anda, na faixa central, a debicar...
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