terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Conheci-a na loja de bairro onde ambas comprávamos o pão e o leite diariamente. Era gorda (não flácida mas roliça) e falava muito alto e sem pudor. Por isso, todos os pormenores da sua vida eram conhecidos de toda a gente, desde os problemas de pilosidade das clientes que frequentavam o seu salão de estética até ao segredo da eterna juventude que, segundo ela, era esfregar todos os dias a pele com óleo alimentar. Também contava muitas coisas sobre a sua rival nas questões amorosas, que ela apelidava de "a mulher do meu marido, essa vacarrona!", fazendo questão de vincar bem a sua falta de carácter por se recusar a dar o divórcio àquele que por usucapião lhe pertencia. Sabia-se que "na cama, era uma merda!" e que por isso o pobre homem teve que a deixar e arranjar uma mulher à altura que, por coincidência, era ela própria.
Não gostava dela, nem deixava de gostar. Achava-lhe piada, até porque todos os dias me provocava um sorriso.
Soube há tempo que morreu. De doença prolongada e sozinha. O seu homem, coitadinho, tinha voltado para a vacarrona que era uma merda na cama.

9 comentários:

Monday disse...

histórias do cotidiano são sempre interessantes ... sempre bom vir aqui, moça

e aí, vais trabalhar dia 31 ou será folga dos dedos e dos teclados?

Castanha Pilada disse...

A história de 31 já está no forno. Mesmo que eu não esteja cá, ela sai. Tal como nestes dias passados em que estive de férias. :) Obrigada pela preferência!

Miepeee disse...

Bemmm e so pessoas a falar alto a tua volta mas neste caso essa senhora ja nao diz mais nada, coitada.
Beijinhos

Anónimo disse...

Existem certas pessoas que achamos que só nos fazem rir e que passaremos bem com ou sem elas. No entanto, cá esta, como se diria, imortalizada pela sua escrita! :)

E acredito que ela devia ser uma peça, mesmo! :))

kuka disse...

Talvez a vacarrona, entretanto, se tenha dedicado à cama e aprendido algumas técnicas.
Ouvi dizer que há licenciaturas em cama. E Doutoramentos, com direito a receber canudo.

cereja disse...

A hipótese da Kuka é uma possível, a outra que o tal marido tivesse feito as pazes com a mulher que talvez fosse mais discreta e falasse mais baixo,e acumulasse com outra dama apenas para a tal 'cama'. Isto dos homens não é de fiar.
Coitadita...

Boas Entradas, Castanhinha!

lost disse...

Votos de que 2009 seja um ano recheado de momentos de felicidade, alegria, sorrisos e gargalhadas, amizade, amor, saúde, dinheiro, carinho, coragem, solidariedade, companheirismo, motivação e energia positiva!!

Patricia Lousinha disse...

Um bom ano, sim!
Abundância, o que a malta quer é abundância!

Castanha Pilada disse...

Miepee, esta falava mesmo para se fazer ouvir.

Senhora, se era!...

Kuka, se forem como as restantes licenciaturas que por aí se tiram... não se fica a saber nada.

Emiele... certinho que isto de homens não é para confiar.

Obrigada Lost. Para ti também.

Abundância Patrícia! :)))