Por insistência duma grande amiga, versada em coisas da igreja e da religião e já crismada com distinção, acedi a ingressar no grupo de jovens cristãos da nossa paróquia. Devia ter nessa altura uns catorze anos e o catecismo interessava-me tanto como ser atropelada por um autocarro desgovernado e sem travões. Mas perante a descrição que ela me fez dum grupo sensacional de jovens onde se vivia um ambiente de amizade e entreajuda sem igual, lá fui.
O primeiro problema que tive foi convencer a minha mãe de que ia para ali. Desconfiada, quis saber que coisa horrível ia eu fazer que precisava de ser disfarçada com a desculpa do grupo de jovens. Tive que jurar a pés juntos e pela minha vida até ela me liberar, não sem me olhar duma forma estranha, como se achasse que eu tinha sido trocada por aliens e já não era a filha dela.
O segundo problema foi quando entrei na sala adjacente à sacristia da igreja. O líder do tal grupo de jovens era apenas o garoto mais insuportável do liceu, aquele que me provocava voltas no estômago só de passar por mim, que tinha mais borbulhas na cara do que eu tinha discos da Susi Quatro e que era conhecido pela alcunha de "Pastinha" por se fazer acompanhar sempre duma pasta com papéis que ninguém sabia para que serviam. Depois de estar ali há uns quinze minutos, ainda só tinha ouvido o Pastinha a dar ordens, inclusive à minha amiga, que lhe obedecia como se ele fosse o guru das reuniões de jovens.
No intervalo, fui embora. Ainda tive a tentação de ir até casa em marcha-atrás, como se dessa forma pudesse fazer rewind e desfazer o que tinha feito. Mas depois achei que não dava. Já tinha mesmo ido a uma reunião de jovens cristãos.
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
6 comentários:
Pelos vistos, a minha amiga já foi a todas!
E isto ainda é só o que eu contei!!! :)))
Eu já fui lider de grupo. Só que... eu era terrível! Aliás, nosso grupo era terrível! Sim, tinha união e amizade, e algo cristão, mas se não houvesse bagunça...nada feito! Arrombamos igreja, invadimos, para o grupo ficar mais confortável, e na falta de ter o que fazer, limpamos a igreja para o zelador. Nunca entendi porque os vizinhos não chamaram a polícia. Deviamos ser bonzinhos, mesmo! :)
Uau! Gang de igreja, nunca tinha ouvido falar!
Essa do «marcha atrás» é muita bem visto!
Tanta coisa que me apetece fazer de facto marcha atrás real!
Felizmente por histórias dessas não passei mas imagino bem como seria a reacção.
No «Conta-me como foi» la mais para o princípio há umas cenas de catequese ou lá o que é, que faz um pouco lembrar essas.
Emiele, o Conta-me como foi é a história da minha vida, caneco!
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