quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cresci num tempo em que não havia pudor de tratar as pessoas pelos defeitos ou limitações que apresentavam. Não por maldade ou intenção de ferir, mas sim com a mesma naturalidade com que hoje chamamos Chico a um Francisco ou Fáfá a uma Fátima. Na minha rua, que era uma rua onde toda a gente se conhecia duma ponta à outra, havia um conjunto de pessoas das quais eu nunca soube o nome de baptismo. Era a "Mãos Aleijadinhas", o "Maneta", o "Gordo das Bicicletas", a "Dos Cães e dos Gatos" e o "Retornado". Que eu me lembre, eram estes.

10 comentários:

saltapocinhas disse...

Na minha rua só me lembro do Amândio, que andava sempre pela rua, era maluco, mas mesmo assim era conhecido pelo nome...
e havia também a maria bicha, que era amiga lá de casa, pelo menos nas noites de trovoada. E dessa é que não sei mesmo o nome verdadeiro!

Castanha Pilada disse...

A minha rua era mais versátil! :)))

Anónimo disse...

Na nossa tinha o "Tarde". A molecada morria de medo dele, mas era um coitado. :)

cereja disse...

Hoje muda-se a embalagem o que é politicamente correcto, dizem. No meu tempo havia ceguinhos e hoje há 'invisuais'; ou havia surdos e hoje passaram a ser 'deficientes auditivos'; os velhinhos do meu tempo, são os 'idosos'; etc. Mas a coisa vai sendo sempre mais apurada: inicialmente havia patetas ou atrasado mental, mas como isso começou a ser usado para insulto, começou-se a usar 'deficiente mental'; mas como isso ainda ofende - se calhar se for bastante nem entende a ofensa... - o que hoje se tem de dizer é 'indivíduo com deficiência mental'
E temos de ter pachorra!
..................
Aliás as referências ao zarolho ou ao maneta, fazem parte de qualquer cultura, né?

Mariquinhas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariquinhas disse...

Se não era na minha rua era já ali...
Pois, fica tudo tão perto nesta cidade, então lembro-me - do mestre José ciclista (era pintor de carros e vivia com o sonho de vir a ser corredor da "modalidade") do mouquinho, do vesgueta, o João dos ovos ( este era na Terceira, abria a cancela aos touros da praça) e da vedeta alemã - como se intitulava o "maricas" ou "zabela" mais bonito da zona...E mais era toda uma galeria de figuras,quase sempre muito estimadas pelos vizinhos.
Não resisto - na rua da minha avó, paterna, (já o nome da rua era sugestivo - João do Rego de baixo - havia o senhor José "o caga na saca", era tal e qual assim que se referiam a ele - quando eu era muito pequena - fazia-me imensa confusão ouvir a minha avó, uma velhinha muito tímida, pronunciar tal coisa;))

Castanha Pilada disse...

Senhora, Tarde?! Só mesmo no Brasil podia haver um Tarde, porque na verdade aí diz-de Tárdji. Tarde, como se diz aqui, não soaria a nada.

Emiele, não sei. De verdade que não sei. Mas às tantas fazem.

Mariquinhas, que compêndio! Lol! Adorei o Caga na Saca!

Paula Raposo disse...

Eh eh aqui lembro-me de um Coradinho.

R. disse...

Alcunhas e sinais particulares?!?
Ora então cá vai:

http://www.youtube.com/watch?v=h3h9jhMmvEc

Castanha Pilada disse...

Paula, Coradinho?! Lol! Gostava duma pinguinha?

Hmmm R, já lá vou ver isso.