Foi a minha segunda experiência literária. Depois dum conto que escrevi como trabalho de casa na disciplina de português, resolvi abalançar-me numa novela. E mais uma vez também, num tema de que não sabia nada, não tinha qualquer experiência nem fazia a menor ideia do que fosse. Assim, de peito aberto e com catorze ou quinze anos de existência sobre o planeta, compenetradíssima no meu papel de escritora, inventei e passei ao papel uma história de adultério. Melhor, achava eu, que as do Eça. Era sobre um homem que contratava um detective particular para seguir a mulher, que ele desconfiava ser-lhe infiel. No fim, descobria-se que ela andava justamente com o detective contratado. Escrevi tudo num caderninho e achei-me um pequeno génio. Depois escondi com muito cuidado. Se alguém lá em casa lesse aquilo ia ser o fim do mundo.
Meu Deus, porque é que eu não guardei estas coisas?
O Tempo Entre Costuras
Há 4 semanas
9 comentários:
Deixa eu ver se entendi direitinho: você não tem mais esse caderno valioso??
As coisas desaparecem ou deitamos fora...tanta coisa que eu gostava de recuperar e não é possível.
Beijos.
Entendeste direitinho Senhora. Não tenho. :(
Paula, sinto o mesmo. Mas na altura achamos que não vale a pena.
Que pena!!!
Eu escrevia imenso em miúda, mas eram coisas mais «politicamente correctas» para a idade e os pais guardaram muitas delas. Outras 'foram-se' é claro. Contudo quando ando a rebuscar em caixas e vejo coisas dessas fico tristíssima porque acho que escrevia muito melhor do que hoje. :(
É pecado deitar essas coisas fora. Vota talentos ao esquecimento.
Priva a humanidade de potenciais best-sellers, os próprios de gargalhadas uns anos depois e, quiçá, a TVI de argumentos novelescos.
Eu tenho milhares de páginas em diário, mas para a ficção nunca me deu.
Por isso acho pecado maior.
Há tanta coisa pelas quais daríamos tudo para ter de novo!
Nunca mais faças isso, ou/e rasgar qualquer "coisa" que tenhas escrito e porventura não tenhas gostado - tenho um amigo, que escreve muito bem poesia, que tem a mania de rasgar de raiva, diz ele, quando não consegue acabar um poema e volta e meia ouço-lhe dizer - "eh pá nunca mais consegui escrever um poema como aquele que..."
Emiele, eu acho sempre que não. Por isso é que deitei tudo fora ao longo do tempo.
Taralhoca, é isso. Privamos a humanidade e a nós mesmos dumas boas gargalhadas!
mfc, algumas...
Mariquinhas, o que eu escrevo... é para ler e deitar fora.
é uma pena teres perdido o caderno, podias agora vender essas histórias para a TVI fazer novelas!
E ficavas rica e já não precisavas trabalhar mais!
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