quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Eu comecei a desconfiar dele assim que o vi dispor as compras por ordem de grandeza e separadas por grupos em cima do tapete rolante da caixa do super-mercado. O ar de fastio que fez quando pôs o separador entre as coisas dele e as minhas, como se houvesse ali algum risco de contágio nefasto, deu-me a certeza: O homem era um cromo.
Mas o pormenor mais interessante de todos só veio depois. Quando a funcionária começou a passar as compras dele e a pô-las dos sacos, ele começou a entoar um hino enquanto tamborilava com os dedos na caixa registadora. Desconheço a origem do tema musical, mas fazia lembrar ao longe uma marcha de escuteiros ou da falecida mocidade portuguesa. Ele continuou até ao fim e terminou com uma imitação vocal de epílogo instrumental. De percussão. Enquanto a funcionária, envergonhada, tentava que os seus olhos não se encontrassem com os dele em nenhum momento... como se houvesse ali algum risco de contágio nefasto.
Tenho que dizer, é mentira. Isto não aconteceu. Mas foi o que eu imaginei que podia acontecer quando olhei para trás e vi um tipo penteadinho e de óculos reluzentes, ao melhor estilo "presidente de associação de pais que acumula com leigo da paróquia".

14 comentários:

Anónimo disse...

E imaginar coisas do género é tão! Dá um colorido diferente às filas do supermercado e afins

Castanha Pilada disse...

Ainda bem que alguém me compreende! :)))

VAP disse...

Mas você é muito engraçada! O Presidente da associação de pais a acumular funções...
E não é que ficamos logo a ver o gênero?

Kruzes Kanhoto disse...

"Não deixe que a verdade estrague uma boa história.."

Monday disse...

filas de supermercado são minhas favoritas ... sempre há alguém simpático o suficiente para se gastar uma prosa enquanto a fila não anda ...

Anónimo disse...

Detesto filas de supermercados. Aliás, detesto fazer compras em supermercados. Portanto, acredito que a história seja verdadeira e no fim é que mentiu! :)))

Anónimo disse...

A verdade da mentira, oua a mentira da verdade, pouco importa!
A história deliciosabasta para apelar à imagiinação e recordação de quem a lê. E lembrei-me do sketch dos "Gatos" com a apreensão de armas e notas e afins na qual ele parodiam por e vereem as imagens da judiciária com tudo certinho e em "degradée de cores". Agora era imaginar alguém na fila a colocar os artigos por cores, ou outra ordem qq.

teresa

Gi disse...

E isto tudo enquanto as tuas compras andavam no tapete rolante? Imagino a cara da senhora da caixa se olhasse para ti!
Já te estou a visualizar com uma cara mefistófela a imaginar esta tua história.

Pedro Aniceto disse...

Diz-me lá o que é uma marcha de escuteiros...

Castanha Pilada disse...

Vap, e não? Eu tentei ser muito específica! :)))

Kruzes, eu não deixo!

Monday, a fila de super-mercado é um filão! :)))

Uau Senhora, compras as cenas onde???

Infelizmente, Teresa, essa dos gatos passou-me.

Gi, mas eu estou muito treinada! Não faço cara de nada!!! :)))

Olha Pedro, é por exemplo esta, tão bonita:
http://www.youtube.com/watch?v=NZjM88hf9Aw

mfc disse...

Essa gentinha irrita... mesmo na nossa imaginação.

Castanha Pilada disse...

É acabar com eles, mainada! :)))

Nós, Os Cachorros disse...

Não posso criticá-la e sim dizer que amei!!!
Vivo fazendo isso...
E cá pra nós, não fazes idéia dos tipos que vemos por aqui nessa Terra onde a liberdade de se vestir de "ridículo" é liberada...

Castanha Pilada disse...

Ah! Mas isso é porque nunca vieste cá a um centro comercial suburbano ao domingo! :)))